Bônus: “AYA Huma e AYA Trapézio” – Vídeo arte Em Processo
“TRAZER MINHAS RAÍZES ME FORTALECE”
Abre um campo criativo e imagético rico, amplo. O qual traz aconchego, paz e consequentemente Alegria, com todo o poder dessa palavra.
O qual me leva a seguinte sugestão da tutora Aline Motta:
“Dar nome às coisas, a pesquisa desde o que ela fala, revela”.
É aí que aparece o termo “AYAS”.
AYAS, no Equador, são “Espíritos da Natureza” – figuras ou brinquedos como chamariam aqui – que aparecem principalmente nos Raymis.
As quais são as celebrações nativas, da cosmovisão inca, que se realizam nos Solstícios e Equinócios. Cada Aya, dependendo de qual energia da natureza venha, tem um aspecto representativo e cumpre uma função social específica nos rituais.
A partir de este sentido, eu decidi criar e nomear à ês Ayas que vêm falando nesta pesquisa.
Além disso, estabeleci uma parceria com Clarice Rena: figurinista, cenógrafa, artista visual e arte-educadora mineira do @cravatelier. Quem realizou os croquis dos conceitos visuais desenvolvidos em conjunto para cada Aya.
Ês quais são:
1. AYA TARTARUGA: Símbolo da Sabedoria Pessoal, da gratitude. Que ao relacionar elu à Roda da Cura, seria o Norte.
2. AYA HUMA: Este personagem é outro emblema da cultura equatoriana. A tradução de seu nome em quichua seria “Espírito Cabeça” é o espírito que Guia a Festa: que faz as pessoas dançarem e manterem a energia para cima. Sua máscara é dupla: de um lado representa o Sol e do outro a Lua. É uma máscara que tem seu olhar para frente “no futuro” e também para trás “no passado”, estando ao mesmo tempo no presente.
É originário da região de “Cayambe”, onde minha avó paterna e meu pai nasceram. Eu sempre tive uma conexão forte com este Aya, porém de não ser ciente de sua origem: já que eu descobri esta informação por acaso numa viagem. Atualmente Aya Huma está presente em várias festas andinas, além do Inti Raymi (Festa do Sol) no Solstício de Junho, onde é a festa oficial onde elu aparece.
Para esta pesquisa, trago a máscara física deste personagem que eu tenho em casa. Para minha representação delu decidi colocar cores rosas em seu figurino. Para de alguma maneira, confrontar a tradição da leitura patriarcal do masculino. E a sua vez dialogar com as cores presentes nos figurinos de minha palhaça.
Para mim, Aya Huma é vinculado com o Leste. O qual é relacionado com a Iluminação, o entendimento e as Novas Ideias.
3. AYA NATIVA – INDÍGENA: Aqui eu trago de volta a figura que eu criei na minha performance “Entre fronteiras, cidades e o mato” em 2019. Só que para esta versão, Clarice trouxe uma referência dos povos originários “Ashaninka” do Rio Amônia, na Amazônia brasileira.
Ao mesmo tempo, os desenhos colocados foram baseados na pintura corporal que eu recebi- vesti durante minha convivência com o Povo Krahô do Tocantins, em 2016, durante a Festa da batata. Onde conheci e brinquei junto com os Hotxuás, figuras cômicas ancestrais desse povo.
Este Aya eu relaciono elu com o Oeste. Direção da Introspecção.
4. AYA TRAPÉZIO: Que é a Minha Palhaça. Associada ao Sul. Conectada com a energia da Criança: da fé, confiança, inocência e humildade.
Aqui eu vou utilizar o figurino do espetáculo “Truco! Tática engenhosa para conseguir algo”.
5. AYA DRAG: Eu sinto que este Aya pode transitar e conter todas as direções. Também, relaciono elu com a energia da direção “Dentro”. A qual ajuda a manter-se fiel às verdades pessoais e é protetore do espaço pessoal sagrado.
Estas ideias surgem da sensação que me dá a/ê Drag, ao ser a entidade que pode denunciar o que me afeta e ao mesmo tempo vestir a beleza do que Eu sou, de minhas raízes indígenas e referências queer.
A cor vermelha é predominante em sua presença junto com o preto, desde a maquiagem já mostrada na primeira pesquisa. Veste uma capa como proteção e também como mostra de sua elegância. Leva um short e botas inspiradas nos lutadores de boxe. As botas também poderiam dialogar com as botas usadas como proteção no aparelho de circo trapézio.
Instagram: @teatrodelcamino