Epílogo
UMA BREVE NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DA PESQUISA
Derivaneios chamando Público para partilha processual! Atenção para camadas sensíveis.
Aqui, estou agora a partilhar um pouco da vivência da pesquisa e os encontros com os tutores. Um pouquinho de mim e das questões estéticas que trago nesse emaranhando de trocas com pessoas tão fodas. Vou compor neste espaço com fragmentos de criação em performance, em busca do registro e da preservação das memórias dos atos inventivos.
Quando é processo e quando é obra em performance? Logo ela, a linguagem de todos nós. Ela que quando passa, só se restam relatos, imagens, sensações e lembranças. Ela que estremece os campos físicos e mentais que envolvem a composição em tempo real.
Fiz uma ação vinculada a pesquisa proposta aqui pro LAB 2021, depois de algum tempo sem fazer performance para transmissões, participei da 5ª Mostra Internacional de Performance Art em São Paulo de forma remota. Vou apresentar para vocês o teste e ambientação para a mostra, e o registro disponível da live em si e algumas fotografias. Também deixarei para vocês a performance “Por Ritos Performativos e Visões” que realizei no mês passado e que por acasos da vida não consegui partilhar com vocês.
FALANDO DE PESQUISA EM PERFORMANCE
O terreno, a zona, a espacialidade de criação em performance tendem a carregar uma série de códigos e procedimentos técnicos para sua composição. A linguagem da performance se une as errâncias, é onde a linguagem do corpo é mídia no seu próprio estado. Existe uma dinâmica específica nos procedimentos da performance por envolver presença, espaço e público. Diferente de outras linguagens das artes, a performance tem o espectador em suas mãos. Com minhas vivências fui percebendo que tanto quem está em estado de presença e quem está em estado de escuta, estão se relacionando e isso é a criação se manifestando.
Quem está disposto a jogar?
Você tem tempo a perder?
É bem difícil se desvincular de uma percepção utilitarista e tecnicista da arte, mas ninguém disse que seria fácil. Então, é preciso olhar para as produção artísticas abusando da imaginação e seus meios de simbolização e associação livre, e em se tratando da performance, o corpo que é o nosso comum é o elo que nos afina, mas que também pode desafinar.
Uma das coisas admiráveis da performance é a sua pré-disposição em gerar inquietações, desautomatização das ações e pensamentos. Na performance, o que tenho para oferecer é a minha presença como produção, carregada de caos e oscilando com mansidão em busca de alternativas para encarar a mim mesmo e a vocês.
Em meu ateliê interior encontro uma fonte de inspiração infinita, e nessa paisagem interna abandono o corpo envergonhado, acanhado e medroso para uma libertação através da linguagem artística de forma mais livre e libertadora. Encontro na performance a possibilidade de historicização da minha produção juntamente com os procedimentos artísticos que coloco para jogo.
A chama interna no meu peito é alimentada quando faço performance, cada micro proposição são rasuras que vou corporificando, são gravetinhos nessa fogueira que vai ampliando meu repertório performático e campo semântico. Muito se fala do processo de criação atrelado a uma rotina e disciplina, mas acredito que tais palavras podem ser difíceis de se aplicarem assertivamente nos atos inventivos. Não gosto de estruturar as coisas com tanta rigidez, acredito que ela tende a não sustentar a chama criativa interior.
Numa pesquisa em artes, torna-se necessário traçar rotas de fuga sobre a falácia que aprisiona as linguagens. Pesquisar é se encontrar com erros produtivos e erros assertivos, é também aceitar aquilo que pode dar errado. Hipóteses do fracasso? Sim, a pesquisa em artes não garante nada, ela é um desenhar de possibilidades. Particularmente, meu desejo criativo grita por esse lugar de falha, lugar do que não sabe de uma resposta específica. Afinal de contas, para quê pesquisa em artes já carregando certezas do que ela é ou pode vir a ser?
Voltando a performance em si… um pedaço de mim fica no imaginário de cada pessoa que observa um trabalho meu, tal pedaço pode renascer ou morrer dentro dela. Também fica reservada uma parte de mim em cada imagem, relato, argumento e arquivos de meu Memorial Performativo.
Me despeço de vocês deixando os vídeos das performances.
Vem mais por aí!
Se liguem… Se cuidem! E se aqueçam com a chama de seu coração vivo.
VÍDEO-PROCESSO 5ª ed. SerformanceP