Laura Conti /

perrengues poéticos

tudo que mora na letra Z

que mora dentro do búZio e do fuZil

ser preto também é ser z.

o fim da ordem inventada. o último. z.

a. primeiro. z. por último. a-z

ser preto também é ser a-z.ul

no meio pra assentar, pra se lembrar do centro

da gira. da trança e da trama. do nó.

sobreponha na imaginação, o z no meio.

z de zunido. zumbido. de zumbi.

zzz de son(h)o,

solução para problemas que nem sabíamos que tínhamos

sonhar é uma viagem com som de z.

som de z é tecnologia ancestral do entre.

sai por entre os dentes fechados

a língua se move por trás disso

não é porque não vê que não tem

som. sentido.

move. roda. gira.

quanto mais perto do centro mais espesso

a comprideza afina pra garantir movimentos fluídos

não sair do centro. : crescer a centralidade

transborda-la. permiti-la.

fluxo da firmeza.

não se esquecer do z. nem do a. menos ainda do azul.

reparar no vento que sai da boca com o z.

sentir o (in)vento disso.

se não formos mais cata-dor

pra sermos cata-vento

a coisa cresce tão de acordo com a natureza

que a matemática chama progressão geométrica

buZio. fuZil. bUzIo. fUzIo.

primeiro o z. (que é o último, logo, o que impõe volta, re-começo

depois ui. e cresce

desabrocha do centro e búzio e fuzil giram juntos

pra vê se vento da pra catar. vê não.

sentir. perceber com sentidos todos.

aguçados. reparar búzio também como arma.

feito a bala que mora no fuzil. o búzio que mora na espada.

esp ada que mora no

esp elho que mora no

azul que mora no z

que mora no som da nossa pele.

ser preto também é ser quem sabe que búzio e bala,

é festa de criança.

nem sempre o antagônico precisa ser nossa guiança.

ser preto também é ser inteiro. a-z.ul

 

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