Laura Conti /

Igbejadé – breve registro do belo

tudo começa numa tentativa de sistematizar as provovações e desejos que o lab tem me gerado, feito Marco disse “você precisa por a mão” não foi possível nenhuma organização digitada ou em linhas dispostas no tamanho convencional de papel. preciso foi, uma papel comprido, onde foram se registando todas as ideias que gesto. alimento. decanto. sonho. foi a então a partir disso que me igbejadizei. é bastante novo pra mim a relação com as imagens, com o desejo de construí-las, por as mãos. ainda que eu escreva com essa mesma parte do corpo, já me era comum ou esperado que o que me chegava impondo criar, se criava em forma de texto, a lab tem me feito curiosa e corajosa a ponto de sonhar imagens, telas, obras visuais, plásticas – só que organicas, rs.

minha voz embarga para algumas coisas. não acho ruim, mas reparo. Flavi disse de como a dança está o tempo todo. nisso tudo. da póetica cheia de dança. e Pedro me diz do possível, do real, do nome, do sonho realizado, quando me compartilha isso:

Babilak diz de tudo de mim, diz da coragem e do risco, do rítimo. que eu busque, certa do encontro. Respeito, na mesma semana me ponho em frente ao tambor pela primeira vez:

Apresentar-me e ser percebida com atenção, interesse e cuidado me da vontade de criar, coragem de materializar. Essa é das coisas mais preciosos que este processo tem me oferecido, e aposto que não só a mim. Encontro com percepção multifocal da paisagem. Onisajé me conta como quem presenteia, que sou uma paisagem, posso ser. Chegar com tudo ao mesmo tempo, som cor cheiro. Uma poética do vários-um. Rui emenda fio nessa trança toda ao considerar a multifocalidade. A amplitude de uma percepção assim, isso me gira inteira. Sair da perspectiva de que não consigo focar, não tenho foco para a noção de que posso ser multifocal, muda tudo. O corpo até esquece que precisa viver tensionado, e dança com isso. Pro nó final dessa trama-trança toda, Luciara diz da educação generalista. tudo isso ainda me ocupa em digestão. escrevo assim bem pessoalizada porque transformar é lento. mas lento também gira. E como tem boa gente nessa roda!