Laura Conti /

1º encontro de nanã com oxum

Por incrível que pareça, foi na beira do mar. No balanço da rede. Foi no escuro do tempo e no brilho da estrela. Foi quando deixamos de ser a corda do cabo de guerra e decidimos nosso lado do jogo. Não quisemos mais brincar de equilibrar. Foi quando o desejo veio inteiro. Grudado. Negro. Negrume. Foi quando os antônimos despencaram. Quando a separação virou delírio. Quando o tempo nem parou e nem continuou. Foi bem quando decidimos abandonar narrativas nossas que não nós é que fizemos. Nem nossa gente antes da gente, menos ainda as próximas de nós farão.  Foi quando decidimos não dar a volta no baobá. Quando a mentira que o esquecimento nos livraria ruiu. Quando demos conta de perceber atentes a ferrugem grudada em nós e abandona-la. Porque ouro, ouro não enferruja. Só risca, esfola, marca. Foi quando a exaustão das tantas marcas não nos deu uma gota de medo de corroer. Ouro não corrói. E tudo isso foi só quando o metal acreditou no barro. Quando o contemporâneo fez firmeza com o antigo.