Babilak Bah /

O alimento estético – um mergulho no sensível.

O alimento estético – um mergulho no sensível.

Na última terça-feira, dia 23 de agosto, devido uma gravação que realizei no estudo multimídia, não pude participar da Lab, foi uma situação bastante difícil, conciliar as duas atividades, fiquei com o coração na mão, por não estar presente com os residentes que participam dessa troca estética e, sobretudo, criativa, todas as terças e quintas-feiras, numa partilha do sensível.

Então, procurei assistir o vídeo da Lab, nessa amanhã, fui atravessado por inúmeras sensações, amparado por reflexões intensas, belas conexões numa profunda experiência de observação sensorial.

“A crise da sensibilidade” – disse, Onisajé, em um dialogo com Scarassatti.

Marcos, exibe trecho de um video de Muniz Sodré, sobre o “Corpo e perceção”.

Assisti os vídeos dos residentes, foi um momento de mergulho na subjetividade de cada artista/performer que divide comigo esse momento histórico no circuito experimental e sensível da Lab.

Realizar essa travessia pelo oceano imagético de cada artista residente, nessa manhã, foi um mergulho delicado no universo estético negro e ancestral…Foi uma manha incrível ¡¡

Dancei com as 7 Ferradura de Flavi, senti o Marcapasso, de Suellen Sampaio.

 

Pus o pé nas águas de corpos pretos, as águas que nos movem e nos habitam na ancestralidade e transfluência que nos atravessam –

– Fui trespassado pelas imagens poéticas de Jahi Amani.

Andei pelas ruas, vi a poesia de Laura Conti mergulhada na ilustração e sua intervenção pública.

Mastiguei as pipocas de Leo Santos, que ofertou a Omolú – uma linda performance, desenhada por uma trilha belíssima, senti os timbres dos timbales, os tambores batucaram o coração – arrepiado até o topo da cabeça. A terra que habita o meu corpo sentiu a cura.

Presenciei Rui Moreira, como um Preto velho, um Zé Pelintra, em frente o Parque Municipal em Matéria-Prima, embarquei no ônibus do futuro da linguagem – falei Criolo, nesse pretuguês, vi e ouvi Marcos falar dos Orixás Sonoros.

– Exú abriu as portas da cosmopercepção.

Matéria, canta inglês em plena Afonso Pena – cena na diáspora em terra de preto. Imaginei Quincy Jones produzindo o happer da Pedreira? – Seria uma sonora pedrada.

Belas imagens, invadiram os ouvidos, com a dramaturgia poética e sensual de Amora, ao som do berimbau – uma poética erótica, poesia corporal – o gozo da cuíca. 

“A pele tocada, as curvas arrepiadas e o falo ao sol.” Um farol me acendeu.

Nossa luz – caminhos cruzados e potências vivas. Esse povo é forte. Essa gente é de axé.

Nessa manhã, vários atlânticos atravessaram os olhos.

Babilak Bah.