12 de outubro de 2023

Maturação: Aprendendo a enunciar se com a guerra

Esta pesquisa busca uma abstração sonora e fonética, não me interessa determinar ou localizar o sentido da palavra e do som. Me interessa a possibilidade do fonema, da enunciação, do vir a ser. Isto é a possibilidade da memória evocada pelo canto que supera a determinação, mas profere um corpo/imagem/estado. O canto aqui é um dispositivo que evoca um estado de maturação, um estado de guerra. 

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Provocada pela percepção da Célia Tupinambá de que “o amor começa no estomago, a gente gera no estomago”, fui movida pela lembrança familiar do “capitão”, arroz, farinha e feijão amassados em bolinhas, que minha avó fazia para alimentar seus filhos. Durante a alimentação, a minha avó imaginava que cada bolinha seria um estado do Brasil, criava junto aos filhos um espaço de encantamento, onde se mapeava e ensinava o território do Brasil e onde a linhas fronteiriças eram dissolvidas pelo desejo de retorno. Esta é uma lembrança da qual eu vivi através das narrativas de minha mãe, tios e tias. Uma lembrança de maturação, que não permiti o esquecimento de que o retorno é um promessa.