12 de outubro de 2023

Re ontologização da subjetividade

A criação de espaços de encantamento e de afetabilidade onde seja possível haver uma retomada do ser é o processo pelo qual a minha investigação se debruça na residência Lab Cultural /2023. Me interessa pensar, como os processos de restituição de sentido de espiritualidade e memória, por uma perspectiva afro diaspórica, tende a ser um caminho possivel de re ontologização da subjetividade. 

Logo, o processo de pesquisa sobre a criação deste espaço tem como procedimento pensar  sonoridades e relações estéticas e éticas que enunciam  memória e espiritualidade a partir de uma cosmopercepção africana de mundo que considera a memória não restrita a capacidade de resgatar fatos, mas de criar novas histórias e a espiritualidade como relação interespecífica com as partes que constituem a vida e o universo.

Neste sentido, me interesso por poéticas que construam dispositivos que operam espaços de afetabilidade. Isto é, espaços onde elementos, cenário, sonoridades e corporeidades enunciem presenças e memórias emergidas na relação interespecífica que criamos com as coisas. Onde possamos imaginar as nossas existências de forma implicada, não hierárquica, sobre outros modos de percepção que fazem possível a retomada do ser, isto é, a construção da concepção de pessoa, matéria e forma em contraponto aos moldes eurocêntricos de subjetivação, que viabilizam a diferença (raça e gênero) como ferramenta de subjugação e expropriação material e espiritual. 

___________________________________________________________________________________

Através do cronograma Bantu kongo dikenga dia kongo e dos quatro estágios ontológicos Kala, Tukula, Luvemba e Musoni, busco pensar o processo de re ontologização da subjetividade. Ao discorrer sobre estes estágios, implico as minhas memórias familiares e lembranças e uso o canto como dispositivo de enunciação. O canto como dispositivo de lembrar a forma.