4 de agosto de 2021
Início dos trabalhos de campo
Os trabalhos de campo já se iniciaram no Kilombo Família Souza. Segue breve descrição da primeira atividade.
Kilombo Família Souza. Fonte: Léo Tafuri.
No mês de junho aconteceu a primeira visita de vistoria à título de orientação da Gerência de Fomento à Agricultura Urbana (SMASAC) da Prefeitura de Belo Horizonte e do Centro de Referência em Segurança Alimentar – Mercado Popular da Lagoinha (CRESAN-MPL), onde os técnicos representantes dessas instituições tiveram o primeiro contato com o território do Kilombo Souza. A visita técnica respeitou todas as recomendações de saúde da Organização Mundial da Saúde – OMS e demais instituições competentes.
O encontro ficou marcado para às 10h e começou com um café da manhã coletivo, prática comum e presente no cotidiano dos membros da Família Souza. Após um processo de contato e apresentação dos técnicos da Prefeitura de Belo Horizonte e da CRESAN-MPL, Gláucia, Simone e Adélia conduziram a visita pelo território, dando foco aos locais onde já realizam o plantio de variados tipos de plantas condimentares, árvores frutíferas, ervas medicinais, legumes, tubérculos, etc.
Da esquerda para direita temos Simone, Marcelo, Patrícia e Edglenia. Fonte: Daniel Menezes
Os quilombolas entenderam que as funções desempenhadas por Simone Abranches, Maria Adélia dos Reis no cotidiano do território quilombola é importante para o desenvolvimento das atividades propostas no projeto Urbe Urge, portanto, os mesmos deliberaram que seria importante que essas duas mestras quilombolas acompanhassem e orientassem de perto o coletivo durante o desenvolvimento das atividades, sobretudo, para garantir que as atividades desenvolvidas ao longo do projeto estarão alinhadas aos interesses quilombolas. Simone tem relação com a produção de comida no quilombo e Maria Adélia é a principal responsável pelo plantio e cuidado das hortas presentes no Kilombo Souza.
Durante o processo de vistoria, Edglenia Nascimento, técnica da SMASAC, apontou que apesar de um território impermeabilizado existem muitos recortes de terra ao longo do território do Kilombo, o que imaginamos que seja algo em torno de 300m² (trezentos metros quadrados) de área permeável, além de ter apontado que para o credenciamento de uma Unidade Produtiva é essencial que seja uma produção comunitária compartilhada com mais de 3 núcleos familiares ou casas e uma produção obrigatoriamente livre de agrotóxicos. Todos os pré-requisitos cumpridos pelo Kilombo Souza. Também houve uma abordagem sensível acerca da agroecologia por Marcelo, responsável pelo curso de agroecologia da PBH, a que abordou a importância do manejo das bananeiras, a circulação do sol sobre o plantio a ser realizado, além das possibilidades de desenvolver as cercas para proteção das plantas.
Figura-fundo do território do Kilombo Souza. Em vermelho a delimitação do lote, em cinza escuro temos o edificado, em cinza claro os caminhos/percursos e em verde escuro as áreas permeáveis.
Essas observações produziram um certo alívio, uma vez que o território cumpre as prerrogativas principais para ser credenciado enquanto uma Unidade Produtiva junto à Gerência de Fomento à Agricultura Urbana, processo que ainda terá seu edital e inscrição disponibilizado, com previsão para acontecer entre julho e agosto. Edglenia aproveitou para sugerir que os quilombolas da Família Souza fossem até a Comunidade Quilombola Mangueiras para conhecerem a Unidade Produtiva que eles desenvolveram, em uma espécie de intercâmbio cultural. Visita que está sendo articulada e conta com previsão para acontecer em agosto.
Durante a vistoria de orientação começamos a realizar o processo prévio de mapeamento das espécies disponíveis, sendo notável a quantidade de árvores frutíferas, podendo citar Canela, Limão Siciliano, Pitangueira, Bananeira, Jaqueira, Camu-Camu, Graviola, Mangueira, Abacateiros, Laranjeiras, pés de Amora, Romã e Mexerica.
Gláucia e demais membros da comunidade ressaltaram o desejo de conformar o que eles definiram enquanto um ‘’Jardim Sagrado”, que seria um espaço onde reuniram as ervas e plantas ritualísticas e medicinais utilizadas nos os cultos e práticas desenvolvidas no Kilombo Souza são entendidas enquanto sagradas.
Ficou definido como encaminhamentos principais dessa primeira vistoria: (1) o processo de intercâmbio cultural entre os quilombolas da Comunidade Mangueiras e Família Souza; (2) o mapeamento de outros membros da comunidade Souza sensíveis à prática da agroecologia e que queiram contribuir com o processo; (3) realização do levantamento das ferramentas disponíveis para trato com a terra (enxada, boca de lobo, pá, rastelo, etc); (4) desenvolvimento de oficina de mapeamento em cartografias sociais e/ou temáticas das prática de plantar e colher no território original e no território atual do Kilombo Souza e (5) definir e propor oficinas temáticas de sensibilização e introdução a temas como agroecologia, permacultura, etc.
Deixe nos comentários sua impressão sobre o processo até o momento. Agradecemos por nos acompanharem até aqui.