A técnica construtiva de coberturas de bambu em imagens

Para a interlocução com Denilson Baniwa, elaboramos algumas imagens que demonstram a trajetória do conhecimento técnico acerca da cultura do bambu, como aporte construtivo.

A imagem 1, denominada imagem-referência, foi a busca por uma referência tecnológica e estética de construções possíveis com o bambu, para coberturas amplas, que pudessem ser moduladas, trabalhadas a partir das curvas e, ainda, que tornasse a arquitetura resultante cabível em qualquer terreno, podendo ser extensiva em locais mais abertos e afunilada em locais mais estreitos. Esse resultado seria uma possibilidade lúdica de trabalhar a dinâmica e a organicidade pela flexibilidade que o próprio bambu oferece. Essa arquitetura, ainda indefinida, servirá, num primeiro momento, para a futura construção de uma bambuzeria de mulheres negras da comunidade de Maquiné, situada no distrito de Ravena, município de Sabará,MG.

Imagem 1: imagem referência para a construção da cobertura da bambuzeria em Maquiné, Ravena,MG

 

A imagem 2, se trata da imagem processo. Esta reflete nossa busca pela compreensão da técnica construtiva a partir do bambu, na qual o processo de construção da cobertura perpassa pela concepção estrutural a partir de arcos treliçados, uma vez que a treliça alcança estabilidade e vãos consideráveis, podendo conceber à estrutura da cobertura a dinâmica e flexibilidade requisitadas. Para tanto houve um estudo prático, no qual nosso coletivo se encontro no CERBAMBU e o mestre bambuzeiro, Lúcio Ventania, nos ensinou desde o plantio do bambu, até técnicas de tratamento, encurvamento dos colmos e encaixes entre peças. O design ainda está em estudos, contudo, é importante ressaltar, que este se trata apenas de uma concepção estrutural possível a partir das técnicas aprendidas. A concepção das telhas, pela adoção dos colmos de bambus gigantes, também é um fator estético e técnico, que irá resultar em possibilidades de dimensões e encaixes distintos. O resultado final da cobertura para a bambuzeria de Maquiné será desenvolvida em conjunto com as mulheres de lá, pois irão passar, em nossa metodologia, por um processo inicial de sensibilização estética das possibilidades da arquitetura do bambu. Esta é uma parte importante: o respeito e o incentivo para que estas mulheres sejam as arquitetas de sua própria bambuzeria.

Imagem 2: imagem processo, a busca pela compreensão técnica e estética da estrutura de coberturas de bambu

 

Por fim, a imagem 3 (imagem-síntese) elucida, para nós, a compreensão do ciclo produtivo do bambu. Nele estão registradas as seguintes etapas: o cultivo; a colheita; o transporte; os tratamentos prévios, para maior durabilidade; o corte e a retirada do diafragma dos colmos, então em comprimentos maiores que as telhas convencionais; a impermeabilização das peças, para maior resistência a umidade; e, por fim, o registro das telhas finais. Tais telhas foram já experimentadas na cobertura da biblioteca existente no Cerbambu e, após 6 anos, foram retiradas para a primeira avaliação. Esta indicou que as telhas colhidas após 7 anos de cultivo são as mais indicadas, resistindo mais e desenvolvendo menos distorções ou abaulamentos. Além disso, foi constatado que o comprimento ideal seria em torno de 1,30m a 1,50m, não podendo ultrapassar essa dimensão, pois também está relacionado a trabalhabilidade e da resistência a tração e flexão.

Imagem 3: imagem síntese do processo produtivo da técnica construtiva do bambu para coberturas

 

Importante elucidar que esta etapa consistiu na compreensão da técnica. Outras etapas, em nosso estudo, se direcionam para a concepção da metodologia de uma formação humana, a partir, não apenas da transmissão do conhecimento das técnicas, mas, sobretudo, por uma formação que prima por evidenciar o ser humano completo e complexo, com seus anseios e potências.

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