BAMBUZERIAS-ESCOLAS NOS KILOMBOS: INTERCÂMBIO ENTRE CERBAMBU E KILOMBOS EM BH

Kuronti Ne Akwamu ou Kontire Ne Akwam

Kuroti Ne  Akwamu ou Kontire Ne Akwam. FONTE: INSTITUTO DE PESQUISA E ESTUDOS AFRO-BRASILEIRO – IPEAFRO, 2021.

Adinkras são um conjunto de símbolos dos povos Akan do oeste de África, que representam ideias expressas em provérbios. O Adinkra utilizado para ilustrar essa postagem é o ‘’Kuronti Ne Akwamu ou Kontire Ne Akwam’’ – Símbolo da democracia, da dualidade da essência da vida e da interdependência e da complementariedade’’ (IPEAFRO, 2021).

O projeto de Tecnologias Ancestrais em diálogo com o CERBAMBU organizou um encontro para que o mestre Lúcio Ventania pudesse conhecer e entender um pouco mais do cotidiano de cada uma das comunidades quilombolas em contexto urbano Belo Horizonte — o Kilombo Família Souza, Kilombu Manzo Ngunzo Kaiango, Comunidade Quilombola de Mangueiras e Quilombo dos Luízes —, criando assim um processo de familiaridade e aproximação das discussões sobre o possível processo de implementação das bambuzerias-escolas. Para que esse processo fosse possível foi necessário entender e conhecer melhor a disponibilidade de território em cada uma das comunidades quilombolas, tendo em vista que o contexto e disponibilidade espacial difere de uma comunidade para outra.

Além da mobilização e socialização de aspectos gerais das comunidades quilombolas, o encontro foi momento de discutir as possibilidades que cada território poderia oferecer, as necessidades e disponibilidades de cada comunidade e, sobretudo, os anseios e aspirações em relação ao projeto das bambuzerias-escolas. A partir das conversas, percebemos a necessidade de realizar um processo de levantamento métrico e em alguns casos topográficos das áreas disponíveis para abrigar as sedes das bambuzerias-escolas, além de apronfundar em relação ao diagnóstico geral de cada comunidade quilombola participante, processo que pretendemos desenvolver no próximo ano.

KILOMBO FAMÍLIA SOUZA

Na visita ao Kilombo Souza, o mestre Lúcio pode conhecer cada parte do território e teve oportunidade de discutir aspectos do cotidiano da família Souza com as mestras Gláucia, Sueli, Simone e Adélia, que relataram sobre a importância de se ter uma bambuzeria-escola no território, além de aproveitar o espaço que será destinado ao futuro Centro Cultural do Kilombo Família Souza. Para cada kilombo ficou definido um tipo de ação segundo as respectivas características de cada território, no caso do Kilombo Souza, a família irá pensar e definir o espaço para uma geodésia em bambu, que no futuro poderá abrigar um espaço de exposição dos produtos desenvolvidos na bambuzeria, local de reunião e diálogo no território.

COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MANGUEIRAS

O segundo quilombo a ser visitado foi a Comunidade Quilombola Mangueiras. A ação teve como propósito também analisar o território e entender sua dinâmica, para assim definir um espaço em que a bambuzeria-escpça poderia ser instalada e discutir sobretudo a vocação que o espaço permite. Foi discutido que  devido a dimensão do território do Quilombo de Mangueiras, o maior entre os 4 quilombos, o território poderia ser para a plantação de bambu e poderia abrigar a maior bambuzeria-escola, em termos de dimensão.  Assim como os demais territórios quilombolas para um melhor entendimento da dinâmica territorial seria necessário o desenvolvimento de levantamentos topográficos e arquitetônicos. Uma das primeiras demandas identificar é a necesidade de fazer a retirada de entulhos, assim como pensar uma propsta que integre paisagismo e arquitetura respeitando as características ancestrais do Quilombo de Mangueiras.

KILOMBU MANZO NGUNZO KAIANGO

O território do Kilombu Manzo foi o terceiro a receber a visita, foi em um dia chuvoso e com poucas condições de descer até a área livre do território, mas pela visita prévia foi possível pensar estruturas que agreguem a parte superior da edificação com o terreno vago. A visita teve a presença de Mãe Efigênia – Mametu Muiandê, atual matriarca do Kilombu Manzo, Cássia – Makota Kidoialê e seu irmão, além disso saímos com a proposta de visitar o terreiro de Candomblé do Kilombu Manzo que se localiza em Santa Luzia, onde  possui mais disponibilidade de espaço e inclusive poderia servir como local para futura plantações de bambu.

 

QUILOMBO DOS LUÍZES

A quarta visita realizada aos quilombos foi no território dos Luízes, o acolhimento pelas matriarcas Dona Luzia e Dona Julia foi por um café coado no fogão à lenha, apresentando a paisagem existente do entorno do território. Após falas e apresentações de fotos antigas de seus ancestrais, foi possivel fazer uma caminhada com Rodrigo, sobrinho das matriarcas, onde ele apontou os lugares possíveis da futura bambuzeria-escola, além de pensar junto conosco qual seria melhor estratégia para agregar todo o território quilombola. “A comida nos une, a festa nos une” foi nesse intuito que pensamos em encontros futuros e breves para o projeto coletivo. 

Estamos ansiosos pelos próximos passos. Fiquem de olho e sigam conosco!

Modupé por nos acompanharem até aqui!

Referências bibliográficas

Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiro – IPEAFRO. Adinkra. Kuroti Ne  Akwamu ou Kontire Ne Akwam. <https://ipeafro.org.br/acervo-digital/imagens/adinkra/> Acesso em 01 de novembro de 2021.

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