Lixo em Pauta – Relatório das Lives #1

Live #1 – Dia Mundial da Limpeza e Lixo Zero BH

 

 

Como forma de ampliar o repertório do movimento Eu Amo Minha Quebrada no que diz respeito a possibilidades de se trabalhar a questão dos resíduos na favela, tivemos a iniciativa de convidar outros projetos que foquem essa questão para nossas rodas de conversa. A primeira roda foi com a Carolina Quelotti, representante do projeto Beagá Limpa e eLixo Zero BH, e Jean Peliciari, representante do projeto Teoria Verde e do Dia Mundial da Limpeza.

Começamos conversando com o Jean a respeito do Dia Munidal da Limpeza, ou “World Clean Up Day”, um movimento que surgiu na Estônia, em 2008, e que já acontece no Brasil desde 2011, mas com o nome estrangeiro. Em parceria com o Instituto Limpa Brasil, adaptaram o nome para Dia Mundial da Limpeza em 2011, pois visavam incluir o maior número possível de pessoas e cidades nesse movimento.

 

 

Em busca de potencializar o impacto, buscaram outras iniciativas que lidassem com o lixo a nível federal, estadual e municipal, para conseguir criar articulações, tal qual estamos fazendo agora com o Lixo em Pauta. A ideia deles era se conectar a ONGs, associações, cooperativas, empresas, prefeituras, governo, etc – de forma que todo mundo participe, a depender da situação de cada um – até mesmo que seja sua família, ou somente você.

O Dia Mundial da Limpeza é uma forma muito interessante de conseguir elaborar campanhas e mutirões para enfrentar a problemática do lixo e do descarte incorreto dos resíduos, e pode ser adaptado a cada situação específica e suas características geográficas, ambientais e sociais. Desde 2018 o movimento tem se interiorizado e em 2019 já eram mais de 1200 cidades no Brasil aderindo, com cerca de 500 mil pessoas envolvidas.

Durante a pandemia, o movimento se reiventou devido ao fato de não poderem causar aglomerações. Criaram a hashtag #eucuidodomeuquadrado, no intuito de interiorizar para as residências a preocupação ambiental com o descarte e encaminhamento adequados dos resíduos. Além disso, buscam entender a limpeza de uma maneira mais holística, incluindo a limpeza digital dos nossos aparelhos (excluir arquivos inúteis) e a limpeza da mente com meditação e atividades prazerosas e relaxantes, por exemplo.

Na corrente do minimalismo, trouxeram o conceito de limpeza solidária, onde podemos repassar itens que não têm mais utilidade para uma pessoa mas que podem servir a outra – livros, roupas, brinquedos, utensílios domésticos, roupa de cama, etc. A rede também se mantem conectada com regularidade pelo menos semanal, para gerar conteúdos e ajudar a espalhar a palavra.

Outra ideia que surgiu do contexto de isolamento, na toada da hashtag #eucuidodomeuquadrado, é a de criar “trends” de desafios no Instagram. Uma pessoa que, por exemplo, separa os recicláveis grava um vídeo mostrando sua separação e desafia outras 3 ou 5 pessoas a mostrarem como lidam com o descarte de resíduos, e essa por sua vez desafia outras, e assim sucessivamente.

Além do Dia Mundial da Limpeza, 18 de setembro, há também a Semana Lixo Zero em outubro. A ideia de se organizar em datas se mostra de grande utilidade pois serve de aglutinação de esforços daqueles que se preocupam com a problemática do lixo para conseguir trazer atenção a essa questão e mais adeptos à mudança que precisamos realizar juntos.

 

 

Carolina Quelotti trouxe um apanhado sobre o Dia Mundial da Limpeza em BH. Quando ela começou, em 2018, ela teve apenas 20 dias para organizar a ação, que ocorreu na lagoa da pampulha. Em uma hora e meia de ação conseguiram coletar cerca de 300 kg de material no local. Em 2019 foi realizado um projeto de maior extensão, inclusive com parceria de universidades e escolas, onde conseguiram, entre outras ações, reunir mais de 10 mil estudantes na praça da assembleia. Fizeram uma caminhada da praça Raul Soares à praça da Assembleia recolhendo resíduos que foram destinados a coletores parceiros que estavam no destino final.

Em 2020, devido às complicações trazidas pela pandemia, realizaram um trabalho em parceria com as escolas para fazer com que os jovens se preocupassem com a gestão adequada de resíduos dentro de casa, com trabalhos e realização de vídeos e outras inciativas. Além disso, no dia mundial da limpeza, fizeram na escola um “Drive Thru” para entrega de recicláveis e, em 1 hora, conseguiram arrecadar 700 kg de resíduos, apenas com as famílias de alunos.

Além das iniciativas descritas, foi dada uma atenção especial sobre as atitudes sustentáveis pontuais que podemos assumir em nome da mudança de hábitos de descarte e que, somadas, podem ter um resultado impactante e multiplicado. Podemos substituir buchas de plástico por buchas vegetais, panos descartáveis por reutilizáveis biodegradáveis, trocar lâmpadas comuns por lâmpadas de LED, entre outras ações sustentáveis.

 

 

Outra esclarecimento trazido à conversa foi o de que a separação de resíduos pode se dar de uma maneira ainda mais específica e adequada, o que vai fazer com que o valor agregado daquele reciclável seja ainda maior no momento da venda. O ato de separar tampas de plástico do frasco, ou a tampinha da lata de alumínio do resto da lata, são atitudes que colaboram para um encaminhamento ainda mais efetivo dos resíduos recicláveis.

Um aspecto que foi destacado na conversa é a importância das atitudes e do exemplo damos aos demais. Se conseguirmos adequar nossos hábitos individuais da melhor forma possível – hábitos de consumo e descarte, principalmente – vamos conseguir impactar as pessoas que estão diretamente relacionadas a nós, e assim, de grão em grão, a mudança que queremos ver no mundo vai se desenvolvendo.

Ao final, tivemos algumas contribuições de outras pessaos que participaram da live. O camarada Dionísio Alberto dividiu conosco a sua estratégia de mapeamento em redemoinho – primeiro minha casa, minha rua, meu bairro, minha cidade – do específico ao geral, para assim conseguir ter o conhecimento prático de como é realizada a gestão de resíduos nos arredores do território.

 

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