O que temos construído até aqui? Até onde poderemos chegar?

NYAME BIRIBI WO SORO

NYAME BIRIBI WO SORO. FONTE: INSTITUTO DE PESQUISA E ESTUDOS AFRO-BRASILEIRO – IPEAFRO, 2021.

 

Adinkras são um conjunto de símbolos dos povos Akan do oeste de África, que representam ideias expressas em provérbios. O Adinkra utilizado para ilustrar essa postagem é o ‘’Nyambe Biribi Wo Soro – símbolo da esperança e da aspiração’’ (IPEAFRO, 2021). 

O mês de setembro marcou a chegada na metade do processo desenvolvido junto ao Urbe Urge, portanto nos cabe refletir sobre o que temos fabulado, imaginado e construído até o momento, para que possamos entender até onde o tempo do projeto nos permitirá ir e o que poderemos construir e edificar a partir de tudo isso.

A partir da interlocução com o  o artista, curador, designer, ilustrador, comunicador e ativista dos direitos indígenas Denilson Baniwa, produzimos três imagens que orientaram a interlocução junto ao Denilson:

A primeira imagem seria a imagem-referência, de autoria de terceiros, onde apresentamos um projeto análogo, modelo conceitual ou situação que consiga abordar e dizer sobre a emergência climática discutida pelo grupo, neste caso, as questões ligadas a soberania alimentar e nutricional e questões agroecologicas em comunidade quilombolas.

A imagem-referência utilizada foi da horta em mandala desenvolvida no Quilombo Lagoa da Pedra, que se locaiza no munícipio de Arrais, no Tocantins.

IMAGEM-REFERÊNCIA: COMUNIDADE QUILOMBOLA DE TOCANTIS DÁ EXEMPLO DE AUTOSSUSTENTABILIDADE. FONTE: LUZ, DEYDJANE 2021.

”Segundo o presidente da Associação de Moradores da Comunidade, Ruimar Antônio de Farias, o sistema Mandala contribuiu para a melhoria da qualidade de vida dos moradores. ‘Antigamente, a gente quase não comia frutas e legumes, porque para termos acesso a esse tipo de alimento era preciso nos deslocar para comprar na cidade de Arraias. Agora, colhemos as frutas e legumes na hora e isso garante uma melhor qualidade na alimentação da nossa gente, sem contar que tudo é orgânico’, afirmou”. (LUZ, D. 2021)

A segunda diz respeito a imagem-processo, algum tipo de registro visual desenvolvido pelo Coletivo de Tecnologias Ancestrais, esboço, croquis ou esquemas produzido pelo coletivo que contem sobre o processo de desenvolvimento das atividades pelo coletivo até o momento.

Para ilustrar no processo optamos por utilizar a organização tempo-espacial do círculo. Ao centro temos o Adinkra Sankofa, que em uma tradução literal significa algo como ”volte e pegue”, explicitando a necessidade de olhar para o passado, com os pés fincados no presente, para assim vislumbrar futuros possíveis. Pensando a partir dessa perspectiva, o mosaico se organiza temporalmente no sentido anti-horário, tendo como ponto de partida o que corresponderia ao relógio ao horário de 12:00h, para a partir daí ir explicitando cada momento, etapa, discussão e etc, desenvolvida pelo coletivo.

IMAGEM-PROCESSO COLETIVO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS. FONTE: COLETIVO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS, 2021.

 

Caso queira visualizar a imagem-processo com melhor qualidade, podem realizar acesso ao mosaico aqui.

 

‘’O SANKOFA NORMALMENTE APARECE REPRESENTADO COM DUAS CABEÇAS E EM UMA TRADUÇÃO LITERAL PARA O PORTUGUÊS SERIA ALGO COMO ‘’VOLTE E PEGUE’’. UMA DAS INTERPRETAÇÕES POSSÍVEIS PARA ESSA ICONOGRAFIA É A REPRESENTAÇÃO DA BUSCA PELA ANCESTRALIDADE, OU AINDA, EM UMA PERSPECTIVA AFROFUTURISTA DE QUE HOJE, NO PRESENTE, SOMOS O FUTURO DE ALGUÉM (QUE ESTEVE NO PASSADO) E SEREMOS O PASSADO DE ALGUÉM (QUE ESTARÁ NO FUTURO). O PÁSSARO SE APRESENTA COM OS PÉS FINCADOS NO PRESENTE, DIVIDINDO AS DUAS CABEÇAS ENTRE PASSADO E FUTURO. UMA DE SUAS CABEÇAS MIRA O PASSADO E BUSCA O NECESSÁRIO (TECNOLOGIAS, SABERES, ESPIRITUALIDADE, RECORDAÇÕES, MEMÓRIAS), ENQUANTO A OUTRA VISLUMBRA FUTUROS POSSÍVEIS’’.

 

E por fim, a imagem-síntese, um processo de imaginação de onde poderíamos chegar ao final do desenvolvimento das atividades junto ao Urbe Urge. A imagem-síntese diz respeito ao processo de imaginação e ambições levantadas por esse coletivo. Para representar essa ambições optamos por uma fotomontagem que usou como plano de fundo o território do Kilombo Família Souza. Na fotomontagem podemos observar a criação de víveres, como as galinhas, a plantação (que seria uma representação abstrata dos anseios pela agroecologia), a conformação de uma bambuzeria-escola no território da Família Souza, a plantação de bambus e o desenvolvimento de práticas culturais diversas, tais como a capoeira.

IMAGEM-SÍNTESE COLETIVO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS. FONTE: COLETIVO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS, 2021.

 

Caso queira visualizar a imagem-síntese com melhor qualidade, podem realizar acesso à fotomontagem aqui.

Modupé! Nos vemos em breve.

Referências bibliográficas

DEYDJANE, LUZ. Governo do Estado de Tocantins. Comunidade Quilombola do Tocantins dá exemplo de autossustentabilidade. <https://www.to.gov.br/secom/noticias/comunidade-quilombola-do-tocantins-da-exemplo-de-autosustentabilidade/2hdskss90jpo> Acesso em 20 de setembro de 2021.

Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiro – IPEAFRO. Adinkra Ntesiemate Masie. <https://ipeafro.org.br/acervo-digital/imagens/adinkra/> Acesso em 29 de julho de 2021.

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