Agenda

Mostra Prêmio Humberto Mauro

Criado em 2013, o Prêmio Humberto Mauro é uma parceria entre o BDMG Cultural e a Fundação Clóvis Salgado, o edital já reconheceu mais de 60 realizadores mineiros e viabilizou curtas-metragens que foram premiados em festivais nacionais e internacionais. Nesta edição, o desafio de pensar um Cinema de Invenção, voltado à produção experimental, surge como um estímulo aos processos criativos cujas propostas estéticas e conceituais utilizem meios de produção de baixo custo, popularizados com o acesso à tecnologia digital. 

Dentro do universo de filmes inscritos nesta edição, a Mostra Prêmio Humberto Mauro apresenta em 3 sessões os 12 curtas-metragens premiados, nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro. Destacando a produção de Belo Horizonte e de cidades dos interiores mineiros (municípios de Divinópolis, Cordisburgo, Januária e Lagoa Santa) que apresentaram propostas inventivas e instigantes. 

Entre os selecionados, chamou a atenção o emprego diversificado da voz over para a narração ou a construção de discursos sobre diferentes temas sociais.  A exploração da baixa lapidação ou qualidade das imagens e da própria construção narrativa foi percebida como forma interessante de criação de sentido em diferentes dos filmes escolhidos, muitos francamente implicados/preocupados com questões existenciais e políticas envolvendo as personagens e/ou os/as próprios/as autores/as.  

“Trap pesadelo, o manifesto”, de Marco Antônio Pereira, apresenta um relato sincero e inventivo sobre o fazer audiovisual e a excludente política de editais, expondo reflexões sobre pilares de fomento da produção artística que acabam por violentar propostas e processos de criação mais radicais.

Outro realizador que empresta a própria voz a seu filme é Fábio Narciso, em “Melhor de Três”, curta-metragem que utiliza uma linguagem contemporânea para fazer algo tradicionalmente mineiro: contar um causo. 

Por fim, “Hemisfério Esquerdo em Fissuras”, de Caroline Cavalcanti da Silva, Julia Teles Frade Paulinelli e Walter Gamarano Lara, explora a sobreposição de imagens em transparência, a fragmentação narrativa e a experimentação sonora como formas de traduzir traumas, perturbações e lesões físicas que foram desencadeadas na protagonista devido a truculências policiais durante as manifestações de Junho de 2013. 

Para marcar a mudança do nome, serão exibidos também 3 curtas dirigidos por Humberto Mauro, o diretor mineiro que foi responsável pela produção de inúmeros curtas metragens inventivos e inspiradores. Os clássicos “O João de Barro”, “A Velha a Fiar” e “Carro de Bois” serão exibidos antes dos filmes estreantes, propondo uma viagem no tempo do cinema mineiro do clássico ao contemporâneo.

As atividades da mostra também propõem debates com os diretores mediados pelos críticos convidados Larissa Muniz, Renan Eduardo e João Campos, e também uma oficina formativa gratuita ‘’Assistência de Direção – coordenação, técnica e criação ” ministrada por Paula Santos com carga horária de 6 horas. As atividades de formação serão completadas com a publicação de críticas inéditas das obras, a serem publicadas na plataforma CineHumbertoMauroMais. Além da programação presencial, todos os filmes premiados serão exibidos na plataforma CineHumbertoMauro/MAIS.

Programação

22/02 | QUINTA-FEIRA

17h – SESSÃO ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO EM FOCO | 10 anos | 1h19
Solon, de Clarissa Campolina (MG, 2016) | 16min
Marina Não Vai à Praia, de Cássio Pereira Dos Santos (MG, 2014) | 17min
Sala de Espera, de Paula Santos (MG, 2023) | 26min
Farol de Neblina – Episódio 1, de Clarissa Campolina e Yara de Novaes (MG, 2021) | 20min
*Sessão apresentada pela ministrante do curso Paula Santos

19h – PREMIADOS 1 – “Deslumbres de uma paisagem em fuga”  | 12 anos |52 min
O João de Barro, de Humberto Mauro (MG – INCE, 1956) | 21min
Caracol, de Giulia Puntel de Souza (MG, 2024) | 2min54
Nessa Rua passa um Rio, de Maria Clara Almeida.  (MG, 2024) | 5min22
Rebento, de Vitor Faria (MG,2024) | 13min43
Filme-quebrado, de Diego Souza e Alexandre Bueno  (MG, 2024) | 10min
*Sessão comentada pela equipe dos filmes e pela pesquisadora Larissa Muniz

23/02 | SEXTA-FEIRA

14h30 às 18h – CURSO ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO – COORDENAÇÃO, TÉCNICA E CRIAÇÃO

19h – PREMIADOS 2 – “Fissuras do real: ritos e sobreposições” | Livre | 39min
A velha a fiar, de Humberto Mauro (MG – INCE, 1964) |6min
Filme-chama, de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado ( MG, 2024) | 9min12
Estudo para uma pintura o lavrador de café, de Warlei Desali (MG, 2024)  |12min39
Altar, de Carolina Fonseca Saldanha (MG, 2024 ) |3min14
Hemisfério Esquerdo em Fissuras, de Caroline Cavalcanti, Julia Teles, Walter Gam (MG, 2024)  | 8min40
*Sessão comentada pela equipe dos filmes e pelo pesquisador Renan Eduardo

24/02 | SÁBADO

14h30 às 18h – CURSO ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO – COORDENAÇÃO, TÉCNICA E CRIAÇÃO 

19h – PREMIADOS 3 – ‘‘Miragens’’ | 12 anos |50min
Carro de bois, de Humberto Mauro (MG – INCE, 1974) | 10min
Ponto e Vírgula, de Jéssica Marques e Luiz Vidigal (MG, 2O24) | 5min25
Conto Anônimo, de Sara Pinheiro e Pablo Lamar (MG, 2024) | 10min47
Melhor de três, de Fábio Narciso (MG, 2024) | 10min
Trap pesadelo, o manifesto, de Marco Antônio Pereira (MG, 2024) |  13min57
*Sessão comentada pela equipe dos filmes e pelo pesquisador João Paulo Campos

Curso gratuito

ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO – COORDENAÇÃO, TÉCNICA E CRIAÇÃO, com Paula Santos
Quando: 23 e 24 de fevereiro
Horário: 14h30 às 18h
Local: Cine Humberto Mauro
Inscrição gratuita através de formulário online, disponível aqui
Emissão de certificado de participação.

Sobre o curso

A Assistência de Direção no cinema é uma função que envolve um profundo conhecimento das etapas e processos necessários para a realização de um filme. Como chefe de departamento, elo entre a Direção e a Produção, o 1º Assistente de Direção é a pessoa que planeja, desenha e conduz como vai se dar a execução de um filme, em diálogo com todos os departamentos e profissionais envolvidos. Uma função desafiadora e apaixonante, que envolve planejamento, estratégia, liderança, comunicação, flexibilidade e invenção. 

A oficina vai explanar e discutir sobre o que é a Assistência de Direção e as atividades que a função abrange, a partir da perspectiva e experiência de Paula Santos, que atua como realizadora e 1ª AD desde 2010 em filmes de diversos formatos: longas, médias, curtas e instalações; ficções, documentários e híbridos; live action e animação; digitais e em película; de baixo e médio/alto orçamentos. Dentre outros, serão abordadas:
– As atividades que a Assistência de Direção engloba nas diferentes etapas de um filme: da Pesquisa e Pré-produção até a Produção/Filmagem;
– Discussão dos principais documentos desenvolvidos pelo Assistente de Direção: Análise Técnica, Plano de Filmagem, Ordem do Dia, através de exercícios e exemplos práticos;
– Discussão sobre desenhos de uma equipe de Direção e as diferenças entre as funções do 1º, 2º e 3º Assistentes de Direção;
– Discussão sobre dinâmicas práticas na preparação de um filme: gestão da equipe; reuniões de planejamento e de concepção estética do filme com a direção e com os diversos departamentos; análise técnica do roteiro e atualizações; estudos do plano de filmagem; visitas técnicas e coordenação de locações; elaboração de cronogramas; acompanhamento de testes de elenco; planejamento e acompanhamento de preparação de elenco e ensaios; leitura de roteiro e reuniões técnicas com toda equipe; planejamento provas de figurino e caracterização; etc.
– Discussão sobre as dinâmicas e a realidade prática do dia a dia num set de filmagem;
– Exibição de curtas (sessão “Assistência de Direção em foco”) e de trechos de longas metragens realizados como 1ª Assistente de Direção para estudos de casos e discussão acerca do planejamento, processos e desafios envolvidos na execução destes trabalhos;
– Ferramentas necessárias para atuação na função;
– Necessidade de versatilidade e de desenvolvimento de metodologias específicas para cada projeto devido à diversidade de desenhos de produção e a especificidades de linguagem;
– Envolvimento criativo no processo de construção do filme;
– Discussão acerca de como essa função é compreendida e atuante no mercado do cinema mineiro;

Público-alvo
Pessoas interessadas em aprender, discutir e/ou entender mais sobre a função da Assistência de Direção. Experiência com cinema, nesta área ou em outras, desejável, mas não obrigatória.

Sobre Paula Santos
Graduou-se em Rádio e TV pela UFMG (2010). Fez intercâmbio na Escuela de Cine y Televisión da Universidad Nacional de Tucumán (Argentina, 2010). Atua como realizadora, montadora e 1ª assistente de direção. Experimenta nas fronteiras do cinema, instalação, performance. É criadora da produtora Tauma – lab de arte, audiovisual e pós produção (BH), atuante desde 2012. Está em fase de desenvolvimento de roteiro do seu 1º longa como diretora e roteirista Fragilidades, premiado como Melhor Argumento no Concurso do FRAPA 2023, selecionado no 9º Brasil CineMundi e premiado no BH nas Telas 2022 para Desenvolvimento de Roteiro. Dirigiu os curtas Sala de Espera (2023), Ocaso (2023), a instalação Família Julião (2014), Caixa de Pandora (2012), co-dirigido com Lucas Sander, exibidos em festivais nacionais e internacionais. Artista residente do Vórtice 2017 – Lab do INVE (Chile) e do Interferências Brasil – Encontro Int. de Performance. Curadora da Competitiva Internacional do 23º FestcurtasBH e da Competitiva Brasileira do 17º FestcurtasBH. Montou o longa de animação Ana en Passant, de Fernanda Salgado (fase de animação) e Homem-Peixe (Clarisse Alvarenga, 2017) e diversos curtas. 

Diretora Assistente e 1ª Assistente de Direção do longa Suçuarana, dir. Clarissa Campolina e Sérgio Borges (em fase de finalização); 1ª Assistente de Direção dos longas: Amores,1500, dir. Grace Passô (em fase de montagem); A Herança, dir. João Cândido (em fase de finalização); Zé, dir. Rafael Conde (2023); Canção ao Longe, dir. Clarissa Campolina (2022) – também colaboradora de roteiro e pesquisadora/preparadora de elenco; Querência, dir. Helvécio Marins (2018); do longa de animação “Nimuendajú, dir. Tânia Anaya (em fase de animação); do documentário Coração Tambor, dir. Clarissa Campolina e Tânia Anaya (2012); da web-série de 4 episódios Farol de Neblina, dir. Clarissa Campolina e Yara de Novaes (2021); dos curtas Solon, dir. Clarissa Campolina (2016); Marina não vai à praia, dir. Cássio Pereira (2013); Adormecidos, dir. Clarissa Campolina (2011); da vídeo-instalação Rastros. a paisagem invade, dir. Clarissa Campolina (2010), entre outros.