Vizinhança e Imagens

Expedição fotográfica: Aarão Reis, uma arqueologia

Coletivo Mofo
28 Mai 2020 2 Min

Dentro do contexto do primeiro ciclo de atividades do programa educativo do BDMG Cultural com o tema “Vizinhanças e imagem”, fomos convidados a realizar uma atividade pública e gratuita que dialogasse com nosso trabalho e, ao mesmo tempo, com a exposição do artista Felipe Chimicatti, que estava em cartaz na Galeria do BDMG Cultural. Fazemos parte do Mofo, um coletivo de fotógrafos que desenvolve pesquisas independentes e experimentações com tecnologias no campo das imagens. Em nossos trabalhos, pesquisamos processos artísticos baseados na materialidade da fotografia analógica e na experiência urbana, identificando elementos fundamentais na criação de subjetividades. A partir de um cruzamento natural com o trabalho Avenida Amazonas, de Felipe Chimicatti, propusemos a oficina Expedição fotográfica: Aarão Reis, uma arqueologia, aberta a um público diverso interessado em abordar questões relacionadas à fotografia e ao espaço urbano.

Junto aos vinte inscritos na oficina, realizamos uma expedição fotográfica na Rua Aarão Reis, no Baixo Centro de Belo Horizonte, considerando tanto a relação afetiva dos participantes com o espaço geográfico, quanto a ideia de elaborarmos uma arqueologia do urbano inspirada na exposição. Noventa minutos foram usados para conduzir os participantes da oficina em sua redescoberta do Baixo Centro a partir da prática fotográfica.

Os participantes foram incentivados a utilizar o aparelho celular no modo avião para produzir imagens da expedição, e em seguida elaborarem seus próprios fanzines — pequenas publicações impressas faça-você-mesmo — compilando as narrativas visuais do percurso. O uso do celular no modo avião tem sido uma estratégia adotada nas atividades educativas do Coletivo Mofo para estimular uma outra apropriação do telefone, sem que ele seja motivo de dispersão. Em modo avião, o celular se aproxima mais de um dispositivo fotográfico e permite que a imagem assuma uma centralidade desconectada do mundo virtual e mais conectada com a experiência corporal.

Depois desse primeiro momento, seguimos juntos para a Galeria do BDMG Cultural, onde o artista Felipe Chimicatti compartilhou com os participantes seu processo criativo, que também iria inspirar a produção das fanzines. Sua pesquisa visual, seu modo de fazer e a forma como ele guiou a montagem de sua exposição nos permitiu enxergar com outros olhos os percursos por locais familiares, como a rua Aarão Reis, e encontrar nas efemeridades uma nova construção espacial e temporal.

Para além das imagens, o desdobramento criativo da atividade e o contato direto com a cidade se deu de forma positiva, o que refletiu na diversidade de narrativas e formas na produção das fanzines. Cada publicação ofereceu novas e únicas perspectivas sobre aquele local, a partir de uma arqueologia que colocasse em evidência as possibilidades de relação de cada um com a cidade.

Coletivo Mofo

Mofo é um coletivo de fotógrafos que desenvolve pesquisas independentes e experimentações com tecnologias no campo das imagens. Em seus trabalhos, pesquisam processos artísticos baseados na materialidade da fotografia analógica e na experiência urbana, identificando elementos fundamentais na criação de subjetividades.