Meia-sombra
Esta pesquisa tem como ponto de partida o meu sol, as experiências vividas na zona rural do Cerrado mineiro, lugar onde minha família encontrou, na força de trabalho com a terra, uma possibilidade de troca. Por anos, entre meados de 1991 e 2003, nos deslocamos por territórios que não eram nossos, cultivando a terra mediante acordo com seus donos. Doava-se nosso trabalho e muitas vezes parte da produção que era cultivada. Num modelo de contrato oral, a família podia plantar para seu próprio sustento, mas nada que desviasse do trabalho do dono da fazenda, afinal, essa era a troca. Não se trabalhava ali por dinheiro, mas, desde que se obedecesse ao contrato, sempre haveria terra.
Na região rural onde cresci, a mão de obra, em sua maioria, era formada pelas famílias, que eram grandes e trabalhavam para o seu próprio sustento. Arar, plantar, lavrar, colher, cultivar, ordenhar, todos esses verbos-processos encontravam um membro da família. Assim, aprendi com meus pais sobre os procedimentos de cultivo de alimentos como a mandioca, o milho, o quiabo, o café, o feijão, o maracujá, e outras plantas que eram utilizadas para consumo próprio, venda ou troca.
“…a mandioca, o milho, o quiabo, o café, o feijão, o maracujá…”
Ao pesquisar sobre as roupas de proteção utilizadas pela minha família no trabalho rural, como mencionado em minhas postagens anteriores, percebi que foi se tornando cada vez mais forte a presença de algumas plantas. Mas afinal, qual a origem do conhecimento transferido para mim quando criança, sobre o cultivo dessas plantas? E mais, para onde a genética crioula dessas sementes me levam?
Tenho me organizado para prospectar três caminhos para minha produção artística que finaliza este processo do Lab Cultural, e inicia outros. Por enquanto, fica aqui alguns registros do último mês: