Luba /

Sobre terminar (mais um)

Vim correndo d’um’outra loucura textual ali do lado, mas vim com um objetivo: qu’esse aqui não seja também outra loucura. Que nesse dê pr’entender alguma coisa. Que você que vem aqui na bica d’água caçando coisa pra beber e, desde julho, só encontra soda cáustica, que você encontre algum’água, pelo menos agora, logo antes d’a bica fechar pra sempre.

Pra começar, não leia de trás pra frente! Se você está chegando agora, vá primeiro para o começo (oriki – link abaixo) e leia n’ordem, porque é uma história que estou contando aqui.

 

Atenção para o começo: [começo]

 

Atenção para o refrão:

É preciso estancar prazer com dor, nunca o contrário. E gozar disso.

Todo o resto é impreciso.

 

Portanto, não esperem de mim precisão! Minha história está aí, contada, pra quem quis fazer d’ela algo de si. Pra quem não quis, não tem história alguma; é como estar invisível bem no meio d’a multidão, à frente de todos. Quem tá a fim de ver, verá. Veja bem, não é uma questão de conseguir – conseguir todo mundo consegue –, é uma questão d’estar a fim. Pense pelo lado bom: pelo menos d’essa vez eu não estou usando nenhuma referência externa que você jamais poderia entender! É um avanço, eu acho…

Pra quem acompanhou a história (e pra quem não acompanhou também, não tem tanto problema assim), é hora de terminá-la, ciente que fins são novos começos e todas essas coisas que dançam entre Hegel e Exu – dança das mais difíceis d’acompanhar, viu?¹ Acabei sendo muito mais fragmentário do que gostaria no início, mas é justamente essa a magia da coisa: no início, nada sabia eu de tudo que sei agora, então não tinha como, de fato, desejar o fragmentário como agora desejo.

Acontece, porém, que, com esse processo, vocês todos ficam na mão, porque se antes era a você qu’eu me endereçava, agora já não sobra muito pr’entender. E aí restam dois caminhos possíveis, como falei recentemente em um outr’universo paralelo:

(1) a opção mais fácil é praguejar contra mim e desistir d’isso tudo que já não fazia sentido antes, imagina agora. Esse caminho admite algumas vertentes: (1.a) a decepção, por chegar ao fim e não ter encontrado o que se esperava, (1.b) a raiva d’o Luba qu’inventou essa pataquada toda pra nada ou mesmo (1.c) a descrença de qu’esse pretenso autor teve em algum momento algo a dizer, o que geralmente leva a (1.c.alt.) a desautorização de Luba enquanto artista e a denúncia de que, na verdade, é pura enrolação inútil, que ninguém entende nada e que d’história nada tem. Algo como a briga entre Chomsky e Lacan, mas com menos brilho midiático.

Temos também (2), a opção de mergulhar no abismo – não porque há uma certeza de que existe algo no fundo d’esse abismo, mas, precisamente pel’ausência d’essa certeza. Mergulho totalmente cego e irracional que pode dar em nada, pode dar em alguma coisa ou pode des-dar o que já tinha dado antes (essa última, a opção mais perigosa, porque aí já não há como nem voltar ao básico do que se conhecia antes do mergulho sem beirar a psicose).

Se você é do time que resolveu mergulhar, me conte o que deu! Eu tô por aí, eu sou fácil de achar.

Por ora, terminamos.

 

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¹As pequenas recompensas vêm pr’aqueles qu’estão acompanhando a história: há um tempo atrás, eu falava d’um chá das seis entre Xangô e Quincas Borba. Temos nessa dança d’agora uma versão atualizada do mesmo chá. O coração da diáspora estava como foto d’outro capítulo – é preciso perceber as interseções.