Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção

Editais

Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção

Resultados divulgados em 08 Nov

O BDMG Cultural e a Fundação Clóvis Salgado divulgam o resultado final do edital de ampla concorrência do Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção. 

Premiados

Altar, de Carolina Fonseca Saldanha
Caracol, de Giulia Puntel de Souza
Conto anônimo, de Sara Pinheiro e Pablo Lamar
Estudo para uma pintura o lavrador de café, de Warlei de Assis Rodrigues
Filme-chama, de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado
Filme-quebrado, de Diego Souza e Alexandre Bueno
Hemisfério esquerdo em fissuras, de Caroline Cavalcanti da Silva, Julia Teles Frade Paulinelli e Walter Gamarano Lara
Melhor de três, de Fábio Alvino dos Santos
Nessa rua passa um rio, de Maria Clara de Almeida Costa
Ponto e vírgula, de Jéssica Marques
Rebento, de Vitor Faria
Trap pesadelo, o manifesto, de Marco Antônio Pereira

Suplentes (em ordem de classificação)

1) A flor já é real ainda dentro do caule, de Yuji Kodato e Camila Albrecht
2) Peixes, búfalas & urubus, de Maria Luiza Teodoro Guimarães
3) Granja, o país do funk, de Júlia Gontijo Braga, Alex Oliveira Silva, Diogo Lopes Silva da Paz, Isaque Samuel Rocha Silva e Marcos Paulo Lima de Oliveira
4) Ferrugem oceânica, de Larissa Barbosa
5) Transe, de Karla Nunes
6) Sagrada família (ou lágrimas à beira do cadafalso), de Jefferson Domingos de Assunção

Os filmes premiados terão sua estreia no Cine Humberto Mauro em fevereiro de 2024, com programação a ser divulgada posteriormente. 

Carta da comissão de seleção

Dentro do universo de filmes inscritos nesta edição do Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção, destacamos filmes de Belo Horizonte e de cidades dos interiores mineiros (municípios de Cordisburgo, Januária e Lagoa Santa) que apresentaram propostas inventivas e instigantes, marcadas, inclusive, pela exploração da violência estética como recurso narrativo que, contemporaneamente, ainda pode ter lugar interessante no cinema. 

Entre os selecionados, chamou a atenção também o emprego diversificado da voz over para a narração ou a construção de discursos sobre diferentes temas sociais.  

Além disso, a exploração da baixa lapidação ou qualidade das imagens e da própria construção narrativa foi percebida como forma interessante de criação de sentido em diferentes dos filmes escolhidos, muitos francamente implicados/preocupados com questões existenciais e políticas envolvendo as personagens e/ou os/as próprios/as autores/as.  

“Filme-Chama”, de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado, utiliza imagens que propõem uma síntese da violência, dotadas de impressionante pulsão de morte. Imagens e sons que, ao serem articulados, desempenham um instigante movimento que sugere a intenção de violentar as próprias imagens de que se apropriam para construir a obra.  

A violência também se faz presente em “Conto Anônimo”, de Sara Abreu Pinheiro e Silva e Pablo Lamar, que, ao mostrar a incomunicabilidade e a falta de afeto de um casal, compõe um retrato das violências cotidianas às quais podemos nos submeter dentro uma relação.  

Já em “Estudo para uma pintura o lavrador de café”, de Warlei de Assis Rodrigues, a observação cotidiana serve de pesquisa para dialogar com referências históricas, poses para a câmera e performances não premeditadas, criando um emaranhado de ideias a partir de um simples ponto de partida.  

“Trap pesadelo, o manifesto”, de Marco Antônio Pereira, apresenta um relato sincero e inventivo sobre o fazer audiovisual e a excludente política de editais, expondo reflexões sobre pilares de fomento da produção artística que acabam por violentar propostas e processos de criação mais radicais. 

Já em “Nessa Rua Passa um Rio”, dirigido por Maria Clara de Almeida Costa, a autora empresta sua voz para contar uma história e faz uso de diversas técnicas narrativas, antigas e novas.  

Outro realizador que empresta a própria voz a seu filme é Fábio Alvino Nascimento dos Santos, em “Melhor de Três”, curta-metragem que utiliza uma linguagem contemporânea para fazer algo tradicionalmente mineiro: contar um causo. 

“Caracol”, por sua vez, de Giulia Puntel, é um exemplo maravilhoso do ímpeto da criação: a diretora nos apresenta um mundo feito inteiramente através de suas mãos, tendo exercido todas as funções criativas e técnicas do filme, que culminam numa aventura visual e sonora carregada de múltiplas e possíveis interpretações.  

“Altar”, de Carolina Fonseca Saldanha, apresenta-se como um exercício da memória e da passagem do tempo. Expõe múltiplas vozes, velhas e novas, como se quisesse dizer que recordar é manter-se vivo – assim como faz o cinema.  

Em “Ponto e Vírgula”, a diretora Jéssica Marques absorve em imagem o processo criativo da animação e do design para, literal e didaticamente, desenhar um discurso singelo a respeito de determinações fugidias e inacabadas de gênero. Assim, explicita limitações e propõe transcendências de nossas performatividades e percepções binárias. 

“Filme-Quebrado”, de Diego Souza e Alexandre Bueno, apropria-se e raqueia imagens de interessantíssimos longas-metragens filmados em Minas Gerais, como “Bang Bang” (Andrea Tonacci, 1971), “No coração do mundo” (Gabriel Martins, 2019) e “Temporada” (André Novais, 2020), para, justamente por meio de uma montagem fragmentada, quebrada, com diversas sobreposições, propor reflexões e diálogos entre diferentes gerações de cineastas “marginais” (os próprios autores do filme entre eles). 

“Rebento”, de Vitor Faria, pode ser classificado como um filme performático e explora a baixa lapidação das imagens e das próprias paisagens nas quais diferentes personas-performers aparecem. Assim, propõe a quem assiste um ruidoso, incômodo e familiar olhar sobre as (im)possibilidades de existências e relações humanas plenas em contextos urbanos. 

Por fim, “Hemisfério Esquerdo em Fissuras”, de Caroline Cavalcanti da Silva, Julia Teles Frade Paulinelli e Walter Gamarano Lara, explora a sobreposição de imagens em transparência, a fragmentação narrativa e a experimentação sonora como formas de traduzir traumas, perturbações e lesões físicas que foram desencadeadas na protagonista devido a truculências policiais durante as manifestações de Junho de 2013. 

Agradecemos e parabenizamos a todos/as os/as selecionados/as e também os/as demais inscritos/as por continuarem a fazer filmes de forma independente e inventiva no Brasil e também por nos possibilitar assisti-los.  

Bruna Schelb
Marcos Pimentel 
Mariana Queen Nwabasili
Comissão de seleção

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Completando uma década de criação, o Prêmio BDMG Cultural / FCS de curta-metragem de baixo orçamento ganha novo nome e homenageia o legado do cineasta mineiro Humberto Mauro.

As inscrições para o edital de concorrência pública do Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção ocorrem de 16 de junho a 07 de agosto de 2023. O edital chega à sua oitava edição e dá continuidade à parceria entre BDMG Cultural e a Fundação Clóvis Salgado (FCS), por meio do Cine Humberto Mauro, unidos pelo fomento da cadeia produtiva do setor audiovisual mineiro. A parceria entre as instituições tem como objetivo premiar e estimular o trabalho de profissionais independentes através de curtas inéditos.

O edital propõe aos realizadores o desafio de pensar um Cinema de Invenção, conforme o conceito estabelecido pelo cineasta Jairo Ferreira (1945 – 2003). O marco do Cinema de Invenção é o pensamento voltado à produção experimental, e, no contexto do Prêmio, surge como um estímulo aos processos criativos cujas propostas estéticas e conceituais utilizem meios de produção de baixo custo, popularizados com o acesso à tecnologia digital.

Os candidatos devem realizar a inscrição de um curta-metragem inédito e finalizado, contando com uma estrutura mais simplificada de produção, com duração máxima de 15 minutos. Doze (12) curtas-metragens serão premiados com o valor de R$ 12 mil (doze mil reais) cada.

Todos os filmes premiados serão exibidos na plataforma cineHumbertoMauro/MAIS e em mostra gratuita e presencial no Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte, no início de 2024.

Inscrições e seleção

Poderão concorrer ao Prêmio Humberto Mauro como proponentes apenas profissionais do setor audiovisual residentes em Minas Gerais (pessoas jurídicas, incluindo MEI). As inscrições são gratuitas e devem ser feitas exclusivamente a partir do preenchimento de formulário online, disponível no site do BDMG Cultural e da FCS. Os proponentes devem anexar ao formulário a documentação solicitada no edital disponível AQUI.

A análise e seleção das propostas inscritas serão feitas por uma Comissão de Seleção, composta por Bruna Schelb Corrêa, Mariana Queen Nwabasili e Marcos Pimentel. O julgamento terá como critérios de avaliação as propostas estéticas e conceituais que utilizem criativamente de meios de produção a baixo custo; a relevância conceitual; a inovação; e o impacto social e cultural. O resultado final está previsto para ser divulgado nos endereços eletrônicos do BDMG Cultural e da FCS até o 15 de novembro. Confira retificação do edital.

História do Prêmio

Criado em 2013, o edital é uma parceria entre o BDMG Cultural e a FCS, que visa incentivar a produção audiovisual em Minas Gerais ao oferecer aos realizadores a possibilidade de desenvolver novas propostas estéticas e conceituais que utilizem ferramentas tecnológicas de baixo custo e fácil acesso para sua produção. A premiação nasceu com o objetivo de complementar o estímulo à cadeia produtiva do audiovisual, com apoio à produção, que se juntou à difusão, promoção e formação já incorporados na atuação do Cine Humberto Mauro e o conjunto de premiações e atividades formativas do BDMG Cultural. Ao longo de sete edições, o edital já reconheceu 60 realizadores mineiros e viabilizou curtas-metragens que foram premiados em festivais nacionais e internacionais.

Homenagem a Humberto Mauro

Considerado pioneiro do cinema brasileiro e latino-americano, o cineasta, diretor e ativista Humberto Mauro (1897-1983) nasceu em Volta Grande – MG. O diretor mineiro começou a carreira no cinema nos anos 1920, no município de Cataguases. Dirigiu 12 longas-metragens e, entre 1936 a 1964, quando trabalhou no Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), de maneira muito inventiva, realizou mais de 300 documentários sobre a cultura brasileira. Dentre os filmes dirigidos na instituição estão os curtas da série Brasilianas (a partir de 1945), João de Barro (1956) e Velha a Fiar (1964). Seu último trabalho, e único filme em cores, foi o documentário Carro de Bois (1974). Mauro foi inspiração para o movimento Cinema Novo, nas figuras de cineastas como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos.

Membros da Comissão de Seleção

Bruna Schelb Corrêa
Nascida em Cataguases – MG, atua majoritariamente como diretora e roteirista de ficção. Escreveu e dirigiu o longa-metragem “IMO” que teve sua estreia na 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes como parte integrante da Mostra Aurora e exibições nacionais e internacionais. Diretora e roteirista de outros doze curtas-metragens de ficção, que acumulam premiações técnicas, de júri popular e crítica, tendo sido exibidos em mais de 150 festivais e mostras no Brasil e no mundo. Doutoranda em Artes, Cultura e Linguagens pela Universidade Federal de Juiz de Fora, possui pesquisa com enfoque em roteiro, técnicas criativas dadaístas, surrealistas e oulipianas, direção e produção independente no Brasil. Formada em Artes (UFJF, 2016), Jornalismo (FESJF, 2017) e Cinema e Audiovisual (UFJF, 2018). Sócio-fundadora da produtora audiovisual cataguasense Filmes do Mato.

Mariana Queen Nwabasili
Jornalista e pesquisadora, doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP, onde também se graduou em Jornalismo. Mestra em Curadoria Cinematográfica pela Elías Querejeta Zine Eskola, na Espanha, com bolsa do Projeto Paradiso. Curadora de curtas-metragens da Mostra de Cinema de Tiradentes 2023 e do Cabíria Festival  Audiovisual 2022. Foi selecionadora de filmes brasileiros da  24ª edição do FestCurtasBH, em 2022, na qual idealizou a mostra paralela “Filmes decoloniais?”, e da 29ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2018.  Escreve ensaios e análises críticas sobre Teatro e Cinema, tendo participado da 10ª edição do Critics Academy do Festival de Cinema de Locarno, em 2021. Interessada nas conexões entre Cinema, Comunicação, História e Ciências Sociais, pesquisa autorias, representações e recepções cinematográficas vinculadas a raça, gênero, classe e (de)colonialidade, sobretudo no cinema brasileiro.

Marcos Pimentel
Documentarista formado pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba) e especializado em Cinema Documentário pela Filmakademie Baden-Württemberg, na Alemanha. Também é graduado, no Brasil, em Comunicação Social (UFJF) e Psicologia (CES-JF). Diretor e roteirista de documentários que ganharam 92 prêmios por festivais nacionais e internacionais e foram exibidos em mais de 700 festivais em todas as partes do mundo. Desde 2009, é professor do departamento de documentários do curso regular da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba).

Dúvidas

Qualquer dúvida relativa ao Prêmio Humberto Mauro – Curtas de Invenção deve ser enviada exclusivamente para o e-mail premiohumbertomauro@gmail.com. As respostas serão respondidas de acordo com a demanda da equipe de produção do Prêmio.