Acervo é futuro
14 Fev 2020 |

Acervo é futuro

A constituição de um acervo como prática de construção e compartilhamento da memória das artes visuais.

Larissa D'arc
14 Fev 2020 3 Min

Um acervo é importante não só para preservar obras, mas, também, para contar, problematizar e retomar uma história. Por isso, todo acervo é uma promessa de futuro, guardamos aquilo que queremos perpetuar e alimentar o constante ciclo de relações entre o passado e o futuro.

Ao longo de sua história, o BDMG Cultural vem somando capítulos em sua narrativa sobre a produção de arte contemporânea em Minas Gerais. A galeria de arte do instituto, inaugurada em 1988 com uma exposição de Alberto da Veiga Guignard, já recebeu desde então mais de 500 artistas e 250 exposições.

Exposição Arte 30: 30 anos de Arte| Foto: Élcio Paraíso/Bendita – Conteúdo & Imagem

Nessa trajetória, o acervo foi iniciado de maneira informal, por meio da doação voluntária de artistas, muitos deles em início de carreira na época e, hoje, consagrados.

Com o tempo, essa prática se tornou parte do edital de ocupação da Galeria de Arte BDMG Cultural, o Mostras BDMG. Cada artista selecionado, ao final da exposição, escolhe uma de suas obras para doar ao acervo do instituto.

 

Política de conservação

Desde o final da década 80, mais de 250 obras foram incorporadas ao acervo. Eclético, o seu conjunto não faz restrição a técnicas ou temas, acolhendo as mais diversas manifestações artísticas, entre elas, gravuras, esculturas em cerâmica, pinturas, fotografias estão catalogadas.

Ao perceber a dimensão do acervo, o instituto, em 2016, iniciou um trabalho de preservação e conservação das obras, entendendo também a importância e a responsabilidade de se ter um acervo com possibilidade de pesquisa pública. “Estamos gradativamente adotando uma série de medidas de conservação e diversas delas muito simples, pouco onerosas e que garantem a existência das obras por muito mais tempo”, explica Larissa D’arc, gestora do acervo. Larissa desenvolve um trabalho interdisciplinar que perpassa pelas áreas de artes visuais, museologia, conservação e restauro. “Auxílio na gestão e meios para conservação das obras assim como realizo alguns restauros. Quando não podemos realizar internamente as intervenções necessárias, encaminho para quem possa realizá-la”, afirma a gestora que, atualmente, conta com uma sala para pequenos restauros e um ambiente com equipamentos e  mobiliários para melhor armazenamento das obras.

Memória poética

“O acervo do BDMG Cultural tem como uma de suas principais características apresentar obras de artistas em início de carreira. Muitos deles, hoje, possuem uma produção mais madura. É interessante possuir esse registro”, comenta Larissa.

Com esse histórico, é possível pensar nos desdobramentos posteriores da poética do artista, diversos deles com obras em coleções importantes pelo Brasil. Alguns, inclusive, já participam de mostras internacionais, como é o caso de Sônia Gomes, Paulo Nazareth, Niúra Bellavinha, Alan Fontes, Leonora Weissmann dentre outros.

Paulo Nazareth | Sem título | Pastel oleoso, grafite e nanquim sobre papel | 20 x 25 cm | 2002

A adoção de ações e meios para preservar as obras, assim como daquelas que visam ampliar e facilitar o acesso a esse recorte da produção artística mineira é visto com ótimos olhos pelos artistas, que perceberam nessas ações  formas de dar permanência, existência e propagar de suas obras Este acervo está disponível virtualmente e oferecendo uma experiência estética para todos que se dispõem a passear por ele.

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