Lygia e Amílcar
Em 2020, nossas prioridades se transformaram, nossa vida mudou, nossos caminhos foram alterados e a nova forma dos dias nos afastou de muitas celebrações, datas comemorativas, festas.
Este número especial da nossa REVISTA chega, entretanto, no finalzinho do ano, para celebrar dois importantes artistas mineiros que completariam 100 anos em 2020.
Lygia Clark e Amílcar de Castro, nascidos respectivamente em Belo Horizonte e Paraisópolis, foram figuras transgressoras da arte brasileira, deixando inúmeras obras e um legado artístico imenso.
Para este número especial convidamos o historiador Davi Aroeira Kacowicz para escrever sobre os artistas como figuras públicas em seu contexto histórico. Sobre suas influências, sua jornada formativa e as questões políticas, artísticas, urbanas e econômicas que guiaram o Brasil a partir dos anos 1920, passando pela Era Vargas, pela Ditadura Militar e pela Nova República.
Um percurso que conta sobre a arte brasileira, sobre nossas cidades, sobre os processos artísticos.
Sem a pretensão de ser um material de crítica artística, os textos aqui disponíveis procuram fazer a ligação entre a arte e a vida.
Em carta enviada ao artista e amigo Hélio Oiticica em 1968, Lygia escreve em tom confessional: “a vida é sempre para mim o fenômeno mais importante e esse processo quando se faz e aparece é que justifica qualquer ato de criar, pois de há muito a obra para mim cada vez é menos importante e o recriar-se através dela é que é o essencial […]”
Amílcar, durante os debates entre concretistas e neoconcretistas, escreveu:
“ Descoberta
é
descobrir pelos sentimentos
que o caminhar na identidade
é caminho
somente
para o caminhante
que acredita na liberdade dos caminhos”
E com o recriar-se de Lygia e a liberdade dos caminhos de Amilcar podemos nos inspirar para um mundo que precisa, sem dúvida, ser recriado em novos caminhos.
Expediente
Coordenação editorial: Gabriela Moulin
Edição de textos: Gabriela Moulin e Davi Aroeira Kacowicz
Textos: Davi Aroeira Kacowicz
Projeto gráfico: Estúdio Guayabo
Diagramação: Rafael Amato e Paulo Proença