Retumbante: ritmos e cores de Minas Gerais
Vencedor do Prêmio Flávio Henrique deste ano, o álbum Retumbante passa por diferentes momentos da carreira do artista Pablo Bertola
Desde 2018, o Prêmio Flávio Henrique dedica-se a reconhecer a produção e a pesquisa em torno da canção independente feita em Minas Gerais. Seguindo o legado do artista mineiro que dá o nome a premiação, o projeto vem se consolidando no estado como um dos principais dentro da categoria de canção autoral.
Em 2022, o prêmio foi para o cantor e compositor de Barbacena, Pablo Bertola, com o álbum “Retumbante”. O trabalho apresenta 14 canções com ritmos brasileiros e mineiros. As composições passeiam por vários períodos do artista, que já as haviam apresentados em shows e espetáculos de teatro, mas que nunca foram gravadas anteriormente. O álbum também conta com inúmeras participações, como de Mônica Salmaso, que interpreta a valsa “PAR”; de Toninho Ferragutti na sanfona; Caetano Brasil no clarinete e clarone, Marco Lobo na percussão, Everson Moraes nos trombones e Jorge Helder no baixo.
A comissão de seleção foi formada pelo músico Alfredo Del-Penho, pela curadora de projetos musicais Michelly Mury e pela jornalista e radialista Patricia Palumbo.
“Nossa escolha foi unânime, ainda que difícil pela exigência de um nome só. Pablo Bertola apresentou um trabalho maduro de lindas canções, belos arranjos e está cantando muito bem, fiquei feliz com esse resultado”, destaca Patricia Palumbo.
Em entrevista, o artista de Barbacena conta os detalhes para a produção do álbum vencedor do prêmio de melhor trabalho de canção autoral. Confira.
Qual a sensação em conquistar o Prêmio Flávio Henrique? E qual a importância desta premiação para você?
É uma alegria e uma honra ter meu trabalho de compositor e intérprete reconhecido por uma instituição como BDMG Cultural, principalmente, quando se tem um juri técnico tão capacitado como a Patrícia Palumbo, Michelly Mury e Alfredo del Penho, que são profissionais pelos quais eu tenho um profundo respeito e admiração.
Outro ponto muito importante é conseguir mostrar que um trabalho gravado e produzido no interior, por artistas majoritariamente do interior, possa ter qualidade técnica equiparada aos trabalhos produzidos nos grandes centros.
Como foi o processo de produção e gravação do álbum? E quais são as referências que você apresenta em Retumbante?
O álbum foi feito no período de maior isolamento social devido à pandemia. E isso determinou muito todo o processo. Foi produzido por mim, em parceria com o baixista Marcos Paiva. Foi gravado no Estúdio da Bituca – Universidade de Música Popular, em Barbacena, por Pitágoras Silveira que também é pianista e arranjador e compositor do disco.
No começo, eu, Pitágoras, Ciro Belluci e Gladston Vieira (todos residentes em Barbacena) gravamos as bases. Depois enviávamos para o Marcos colocar o baixo, da sua casa, em São Paulo. Depois fomos ouvindo e convidando outros artistas de acordo com a busca da sonoridade que estávamos querendo. Depois enviamos para o Mario Gil fazer a mixagem e o Homero Lotito fazer a masterização. Sempre à distância.
Todo disco é um retrato de uma época. Este foi produzido durante a maior pandemia do nosso século.
Explique um pouco sobre o nome do trabalho.
Retumbante é o nome da faixa de abertura do álbum, mas também reflete um pouco da atmosfera que o disco tem. Os ritmos brasileiros e mineiros. As cores quentes.
O trabalho traz canções que você havia apresentado em espetáculos teatrais e shows, porém que nunca haviam sido gravadas. Como foi feita a escolha desta seleção?
Primeiro fiz uma seleção das minhas composições que gostaria de cantar nesse momento. Depois fui desenvolvendo um roteiro que contasse uma história. Para mim, só faz sentido produzir um álbum de 14 faixas, hoje em dia, se ele tiver uma coerência estética e uma dramaturgia. Esta foi a minha busca.
O disco conta com diferentes participações especiais. Como foi trabalhar com esses diferentes artistas e como isso repercutiu na produção do álbum?
Eu adoro ver as músicas que eu compus, muitas vezes sozinho com o meu violão, serem afetadas por outros artistas. O resultado final deste trabalho, com certeza, seria completamente diferente se as canções não estivessem sido tocadas e cantadas por estes artistas, especificamente.
Então cada participação foi cuidadosamente pensada. Qual músico teria a linguagem e a sonoridade que queríamos para cada canção.
Como eu já expliquei, tudo foi gravado à distância. O que tornou o processo muito diferente. Não pude acompanhar nenhuma gravação e não me encontrei com nenhum desses artistas, presencialmente. Conversávamos um pouco antes sobre o conceito e eu ficava, ansiosamente, aguardado o resultado.
Ouça o álbum Retumbante