Vencedores do 23º Prêmio BDMG Instrumental
Finalíssima ocorreu no último final de semana, em três noites de apresentações, celebrando a música instrumental produzida em Minas Gerais
No último final de semana, entre os dias 24 e 26 de maio, ocorreu a grande final da 23º edição do Prêmio BDMG Instrumental, no Teatro Sesiminas, com a premiação dos músicos vencedores nas diversas categorias da premiação no domingo (26). Os grandes vencedores da noite foram os artistas Arthur Rezende (bateria), Felipe Rossi (clarinete e clarone), Guilherme Pimenta (violino) e Marcos Ruffato (violão), que levaram pra casa o troféu principal. Eles receberam uma premiação no valor de R$ 15 mil, além disso, no segundo semestre, os vencedores farão dois shows cada, com direito a um convidado, em Belo Horizonte e outro em São Paulo, no programa Instrumental Sesc Brasil.
Também foram premiados alguns destaques que passaram pelo palco ao longo das três noites de evento, sendo que cada vencedor ganhou R$ 4 mil. Para os destaques foram levados em conta todos os instrumentistas que se apresentaram entre sexta e sábado, tanto os finalistas quanto músicos acompanhantes que integraram suas bandas. O melhor arranjo foi para Rafael Pimenta, com a música “Suíte norte, sul, leste, oeste”, de Hermeto Pascoal. Foram escolhidas como melhores instrumentistas das apresentações Camila Rocha (contrabaixo) e Thamiris Cunha (clarineta e clarone). E, nesta edição, a categoria revelação foi para Alberto Ouziel (contrabaixo acústico).
Fizeram parte do júri a compositora, arranjadora, flautista e pianista Léa Freire, que presidiu a comissão de seleção; Gaia Wilmer, saxofonista, compositora, arranjadora e produtora musical; Johnny Abila, especialista em Programação Musical da Gerência de Ação Cultural do SESC SP; Juliana Figueiredo, programadora do SESC Vila Mariana (SP); Marco Pereira, compositor, arranjador e violonista; e os jornalistas mineiros Daniel Barbosa e Paulo Henrique.
“Aqui é sempre uma espécie de paraíso da música. Então, tem sempre muita gente fazendo muita música boa e com uma preocupação enorme com a qualidade de tudo. Essa é a segunda vez que venho à final e espero que tenham muito mais edições desse prêmio maravilhoso e de todas as outras atividades do BDMG Cultural”, ressalta Léa Freire.
Na sexta-feira e sábado, dias 24 e 25, os doze finalistas se apresentaram no Teatro Sesiminas. Ao fim dos concertos no sábado, a comissão de seleção classificou seis músicos para a finalíssima, que retornaram a se apresentar no domingo, dia 26. Entre os nomes classificados estavam Arthur Rezende (bateria), Felipe Rossi (clarinete e clarone), Guilherme Pìmenta (violino), Marcos Ruffato (violão), Pablo Malta (bandolim 10 cordas) e Rafael Pimenta (violão 76 cordas), que executaram músicas inéditas e releituras de obras consagradas.
Outras premiações
Na noite de domingo (26) também foi entregue o Prêmio Flávio Henrique, que nesta edição premiou duas categorias – compositor e intérprete – de dois álbuns independentes e autorais produzidos em Minas Gerais, lançados em 2023. Os trabalhos premiados foram “Canções Guardadas nas Dobras do Tempo”, de Déa Trancoso e Regina Machado (categoria compositora); e “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto”, de Patrícia Ahmaral (categoria intérprete). Também foi entregue o Prêmio Marco Antônio Araújo para o multi-instrumentista Marco Guelber pelo álbum “Futuras Paisagens”. O músico de Juiz de Fora encerrou as apresentações na noite de domingo com pocket show do trabalho instrumental premiado. Os artistas de cada categoria ganharam premiação no valor de R$ 10 mil.
Vencedores do 23º Prêmio BDMG Instrumental
Arthur Rezende
Natural de Belo Horizonte, começou nos tambores logo na primeira infância, aos 11 descobriu a bateria e nunca mais parou de tocar. Ainda no início de sua carreira, em 2003, foi um dos vencedores do Jovem Instrumentista BDMG e lhe rendeu participação em projetos culturais realizados pelo BDMG nos anos 2004, 2005 e 2006, o que foi responsável por inseri-lo definitivamente no cenário da música mineira. Atualmente é baterista de Beto Guedes e Flávio Venturini.
“É a realização de um sonho e de um momento que marca um renascimento. Estou renascendo como compositor, abrindo essa nova forma forma de expressão artística, porque o Prêmio BDMG Instrumental está possibilitando, pela primeira vez na vida, que eu suba num palco e toque as minhas próprias músicas, isso pra mim é inédito”.
Guilherme Pimenta
Natural de Montes Claros, o violinista e compositor vem se destacando na cena instrumental por trazer seu instrumento para o contexto da improvisação e da música popular. Participou do programa Jovem Músico BDMG e gravou e dividiu palco com grandes nomes da música brasileira. Já se apresentou como solista convidado por grupos como Conjunto Época de Ouro, Geraes Big Band e Orquestra de Sopros da ProArte e participou de diferentes projetos no exterior. Em 2023, lançou um disco de violino solo pelo selo KUARUP e se apresentou com esse projeto na Colômbia. Desenvolve sua pesquisa de doutorado em música pela UNIRIO, além de lecionar como professor substituto de violino na UFRJ.
“Estou muito grato e não estaria aqui sem ajuda dos meus amigos e amigas que me acompanharam. Túlio Araújo, Lucas de Melo e Camila Rocha foram essenciais nessa conquista. Pra mim é um divisor de águas. Esse prêmio é maravilhoso, sempre fui fã de todo mundo que tocou aqui e receber essa gratificação hoje… Não tenho nem palavras pra descrever a emoção”.
Felipe Rossi
Natural de Belo Horizonte, Rossi possui uma carreira multifacetada a qual já o levou aos quatro cantos do planeta. Contribuíram decisivamente para sua formação diálogos com Ilan Grabe, Oiliam Lanna e Ian Guest no Brasil, com Gérard Pesson, Marco Stroppa e Beat Furrer na Europa e com Roger Reynolds, Paul Motian e Brian Ferneyhough nos EUA. Igualmente cruciais foram estudos de música eletroacústica com Miller Puckette, de cognição musical com Stephen McAdams, de rítmica com Edwin Harkins e de música indiana com Kartik Seshadri. Rossi já foi artista residente em instituições ao redor do mundo tais como a Cité Internationale des Arts em Paris, a Zürcher Hochschule der Künste em Zurique, a Karma Drubdey Nunnery no Butão, o Calit2 Institute na Califórnia, dentre outras. Paralelamente ao seu trabalho enquanto compositor, Rossi também atua como instrumentista, arranjador, produtor musical, engenheiro de áudio e professor. Atualmente também se arrisca a escrever um livro em parceria com o contrabaixista Mark Dresser.
“Me sinto super bem, foi um trabalho super legal conseguir as coisas com o auxílio dos outros músicos, porque ninguém faz nada sozinho. Agora é bola pra frente, continuar a carreira e aproveitar as oportunidades que o Prêmio BDMG Instrumental vai proporcionar”.
Marcos Ruffato
Nascido em Uberaba, o músico e compositor iniciou sua formação musical em casa, junto da família musicista. Em 2020, lançou Vata, seu primeiro álbum autoral de canções, que também assina a produção musical e os arranjos. Já trabalhou com músicos como Toninho Horta, Sérgio Santos e Cristóvão Bastos. Faz parte do Movimento Musical Além das Montanhas e contribuiu com a palestra Composição Popular, Um Gesto do Sensível.
“Ganhar o prêmio é importante para estimular minha produção. Compor, sentar e varar a madrugada compondo. Saber que existe espaço, que existe incentivo no nosso estado, e sendo feita por uma iniciativa maravilhosa como o BDMG Cultural”.