Fazeres localizados
A sétima edição da REVISTA carrega o trabalho das (muitas) mãos que se dedicam cuidadosamente a processos que mobilizam coletividades. Mais que pensar esses processos na escala dos eventos históricos, procuramos encontrar o rosto e os corpos de cada um que compõe esses fazeres. Como é que suas práticas se ligam aos lugares e territórios? Como essas produções se voltam ao espaço público e à vida comum? E mais, como promovem o cuidado com e a manutenção de culturas que são vivas e, por isso, em constante mudança?
Apresentamos, então, essas histórias de saberes localizados, realizados em diálogo com os territórios em que estão inseridos: a prática artística de Lira Marques, no norte de Minas Gerais; a história da Casa do Beco, instituição que desenvolve atividades culturais e artísticas no Morro do Papagaio (BH) há mais de vinte anos; o cultivo das matas pela comunidade quilombola Manzo – ou o cultivo do Manzo pelas matas –, em Belo Horizonte; a pesquisa-retomada da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, por Padre Mauro, uma paróquia construída ainda no século 19 onde hoje está localizado o Centro da cidade; e um relato da 5ª edição do Encontro de Flautas, que ocorreu esse ano na cidade de Angelândia, MG.
Conhecendo práticas e histórias como as que trazemos nesta edição, procuramos cultivar a esperança por justiças históricas e, até mesmo, diferentes instâncias de reparação, que só poderão ser realizadas em comunidade. Por isso, saudamos aqui esses autores e autoras que, apesar de tudo, seguem, como nos conta Makota Kidoialê, chamando as matas de volta, criando formas de reencantar os territórios, os mundos e a vida.
Boa leitura!