Trajetos, trocas e aprendizados

Diversas são as razões que nos levam a estar em movimento e, muitas vezes, esse trânsito se torna parte determinante da vida de quem o empreende: sejam migrações ou viagens, esses deslocamentos nos colocam em contato com o outro. Nesta edição da REVISTA BDMG Cultural, procuramos abordar algumas das dimensões ativadas pelo trânsito, desde os encontros, até as trocas e os aprendizados que as pessoas levam consigo. 

Abrimos a edição compartilhando a trajetória da educadora indígena Liça Pataxoop, integrante de uma etnia que, como muitas outras no Brasil, já passou por episódios de quase extinção. Por meio de seus tehêys, Dona Liça, como é conhecida, conta e perpetua as histórias de seu povo, educando indígenas e não indígenas nas relações com a natureza, a terra, o tempo e os seres humanos e não humanos.

Também pensando formas de transmitir e preservar saberes e práticas tradicionais, a educadora maxakali Cristine Takuá comenta o projeto Escolas Vivas, que apoia quatro centros de formação situados em territórios indígenas na floresta amazônica e na floresta Nhe’ery, sendo um deles a Aldeia-Escola-Floresta, na região de Itamunheque, zona rural do município de Teófilo Otoni. Já o coletivo Romzã, integrante do projeto Urbe Urge, promovido pelo BDMG Cultural em 2021, compartilha conosco a experiência de firmar alianças em contextos não convencionais: durante uma pandemia, entre indígenas e não indígenas de diferentes origens e formações, acadêmicos e mestres de saberes tradicionais.

Mostramos ainda um pouco da história da Cerâmica Saramenha, louça desenvolvida na região de Ouro Preto a partir de uma técnica trazida por portugueses no início do século XIX, e que hoje é mantida em Ouro Branco pelo Mestre Leonardo. Por fim, a Cacica Kawany Tupinambá, indígena não aldeada, nos conta sua história de luta e reflete sobre a construção de um lugar para si na cidade de Uberlândia.

Nas negociações, nos encantamentos e na abertura aos aprendizados, esses movimentos revelam nuances de como questões vividas atualmente evocam lutas ancestrais, nos indicando “tanto como promessa, quanto como alerta”, que essas histórias não são inéditas – como escreve Marcela Rosenburg.

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ISBN: 978-65-87282-12-1