REVISTA nº 7

Um beco que dá no mundo

Por meio da arte, a Casa do Beco expande horizontes, sensibiliza e promove transformações sociais no Morro do Papagaio

Igor Lage
29 Nov 2022 16 Min
Um beco que dá no mundo
ESPETÁCULO "MORRO DOS AMORES", DO GRUPO DO BECO, EM 2006. FOTO: GUTO MUNIZ

No terceiro toque da campainha, as luzes são apagadas e o público se ajeita nas cadeiras de plástico para assistir à peça. O barulho de conversa deixa de preencher o salão por um instante, enquanto os olhos se voltam para o palco iluminado. De trás da parede cenográfica, um barulho forte de tambor, acompanhado do canto aberto do ator Erlon Vital, anuncia o início do espetáculo.

Toda arte tem o potencial de nos transportar para outros tempos, culturas e lugares. Naquela quinta-feira quente de novembro, o público presente no espaço de apresentações da Casa do Beco foi conduzido a um passeio afetivo pelos fios de memórias que tecem a história dos morros de Belo Horizonte e das pessoas que ali viveram e ainda vivem. Com direção e dramaturgia de Liliane Alves (em processo colaborativo com o elenco), “Na linha do meu lembrar” é composto por várias cenas que reconstituem, com liberdade criativa e poética, situações que provavelmente não são nada estranhas àqueles que conhecem a realidade das regiões mais pobres da cidade.

Moradores do Morro do Papagaio na plateia da peça “Consumidores”, de 1995. Foto: Acervo Casa do Beco

Na plateia, algumas pessoas riam ao se lembrar das dificuldades de infraestrutura e precariedade urbana que havia no morro. Em outras cenas, reinava um silêncio comovido. Entre a comédia e o drama, tal como a vida, “Na linha do meu lembrar” busca um olhar carinhoso para o passado, desde as primeiras ocupações periféricas do antigo Curral del Rey até os bailes black dos anos 80, para refletir sobre as heranças que ficaram e a identidade coletiva daqueles que, hoje, dão continuidade a essas histórias. É um espetáculo que expressa bem a proposta da Casa do Beco: usar a arte para promover reflexão e transformação social.

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Enquanto espaço físico, a Casa do Beco existe desde 2003. Mas suas origens remetem a alguns anos antes disso. O embrião dessa história nasceu do espírito inquieto de jovens moradores do Morro do Papagaio que queriam expressar a realidade das favelas por meio do teatro. Um deles era o Nil César. Junto a outros colegas que frequentavam o grupo de jovens da paróquia local, Nil fundou, em 1996, o Grupo Armação Teatral. Começando com pequenas apresentações dentro da própria igreja, logo começaram a encenar também em escolas, associações e outros espaços comunitários da região.

O Morro do Papagaio está situado em meio a bairros de classe média-alta da capital, como Santa Lúcia, Santo Antônio e Vila Paris. O contraste entre as realidades vizinhas é muito marcante para a maioria dos moradores da comunidade, e o Armação queria explorar exatamente isso em sua primeira peça autoral. “Consumidores à beira de um ataque de nervos” conta, de maneira bem-humorada, a história de uma madame que deixa seus funcionários enlouquecidos por querer que a festinha de aniversário de sua filha saia exatamente do jeito que deseja. Apesar de ter o riso como objetivo maior, o texto (que acabou se perdendo com o tempo) retrata experiências profissionais vividas por familiares, amigos, vizinhos e pelos próprios atores com patrões e clientes das regiões ricas da cidade. Esse elemento de conscientização social, que ainda brotava tímido aqui nas origens, floresceria com muito mais força nos anos seguintes.

Peça “Casamento”, montada em 1999. Foto: Acervo Casa do Beco

Da formação inicial do Armação, porém, apenas Nil permanece até hoje. Nascido e criado na comunidade, Nil começou a praticar teatro aos 11 anos em atividades da igreja. No período da Semana Santa, congregação e fiéis organizavam, todo ano, uma encenação da Paixão de Cristo. “Meu sonho era ser Jesus Cristo”, gargalha. Depois de interpretar apóstolos, romanos e outros personagens, Nil chegou de fato ao papel de protagonista, deixando o cabelo crescer e tudo.

Essa motivação do fundador e seu amor inquestionável pelas artes cênicas foram elementos importantes para que o Grupo Armação percorresse todo o caminho até se tornar a Casa do Beco. Naqueles anos iniciais, as reuniões e ensaios aconteciam no quarto do Nil, com anuência e incentivo da mãe, Dona Flor. A formação da trupe variava muito, com pessoas indo e vindo.

Em 1998, decidiram mudar o nome para Grupo EMcenAção. A inclusão do “ação” marca um momento em que os integrantes começavam a se engajar mais em outras militâncias na comunidade, participando, por exemplo, da Comissão de Direitos Humanos do aglomerado e do programa Orçamento Participativo, realizado pela prefeitura.

Os compromissos nos outros projetos somados às demandas do dia a dia – trabalho, família, casa, estudos – estavam dispersando o grupo de suas atividades no palco. Entretanto, nesse mesmo período, vários integrantes começaram a frequentar o Arena da Cultura (hoje chamado de ELA-Arena), programa municipal que oferecia oficinas gratuitas de formação artística. No final de 2000, todos os integrantes do coletivo foram convidados a participar juntos da oficina Administração para Grupos Teatrais, sob a coordenação do Grupo Galpão e do produtor cultural Romulo Avelar.

“Fazer uma oficina com o pessoal do Grupo Galpão foi uma oportunidade incrível para a gente”, conta Nil. “Eles eram nossos ídolos. A gente reunia grupos de umas 50 crianças e jovens aqui da comunidade e saíamos a pé do morro até a Praça do Papa para ver as apresentações deles. Depois, os meninos ainda queriam pegar autógrafo! Na volta, a gente deixava cada um deles na porta de casa, para as mães não ficarem preocupadas. Terminava só de madrugada”.

Os jovens artistas não sabiam, mas os aprendizados adquiridos naqueles encontros seriam um divisor de águas em sua trajetória.

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Um dos exercícios da oficina com o Grupo Galpão era escrever um projeto cultural para ser apresentado a uma empresa. Era uma atividade apenas para a sala de aula, mas o grupo decidiu aproveitar a ideia para tentar seu primeiro edital. Só que ninguém sabia como escrever um projeto para edital. Entra em cena Josemeire Alves.

Naquela época, Josemeire morava na Vila Estrela e cursava História na UFMG. Também integrava a Comissão de Direitos Humanos do Aglomerado Santa Lúcia, onde ficou mais próxima do Nil e do resto da turma. Não tinha muita experiência com esse universo do teatro, mas era boa de texto e conhecia a comunidade. Assim, topou a empreitada. “Meu trabalho era ouvir as ideias do pessoal e tentar dar uma forma escrita a elas. Fazer as perguntas chatas, mas que ajudam a entender quais são os objetivos principais e como direcioná-los para um projeto possível de ser realizado”.

Essa nova parceria, que nunca mais foi desfeita, resultou na aprovação do projeto Mãos de Mulheres na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, em 2002. Com os recursos recebidos, a trupe criou e levou adiante o “Bendita a voz entre as mulheres”, espetáculo construído a partir de entrevistas com moradoras do morro, no qual os atores e atrizes encenavam as histórias de vida, as batalhas e as alegrias dessas mulheres.

Todo o processo do “Bendita” contou com a ajuda muito próxima do Romulo Avelar, que emprestou seus conhecimentos em várias frentes, principalmente planejamento e produção cultural, para fazer o projeto acontecer. Uma de suas primeiras sugestões envolveu o nome do grupo: para ele, EMcenAção, além de difícil de ler, era genérico demais, e não fazia jus ao propósito dos artistas de falar sobre a realidade específica do lugar onde viviam.

Nil lembra que a discussão para decidir o novo nome foi acalorada, até que alguém propôs usar a palavra “beco”. A reação inicial foi de recusa. “Porque o beco, naquela época, era o pior lugar de todos para se morar”, explica. “Se a favela era a periferia da cidade, o beco era a periferia dentro da periferia. Era o lugar onde tinha esgoto a céu aberto, onde o tráfico e a polícia eliminavam pessoas, onde tinha estupro, onde faltava água e luz. Era o pior lugar para se viver”.

Apesar da forte conotação negativa da palavra, no meio do debate, caiu a ficha de que a maioria das pessoas ali morava justamente em becos do aglomerado.

“Quando percebemos isso, entendemos que o beco poderia ter outros significados. E o beco remete imediatamente à comunidade. Cresceu o sentimento de que nem tudo que vem do beco é ruim, e de que a gente poderia ser a poesia desse lugar”. Surge, assim, o Grupo do Beco

A estreia de “Bendita” foi em março de 2003, no próprio Morro do Papagaio. “A gente tem um princípio de sempre estrear primeiro aqui na comunidade. Depois, a gente circula em outras comunidades, e só depois a gente vai para a cidade”, explica Nil. A ideia é justamente levar o teatro para onde ele não é tão acessível e valorizar o lugar de onde o grupo veio, o morro que é a sua casa. “Além disso, nada impede que quem não mora nas favelas venha aqui nos ver”.

Cenário do espetáculo “Bendita a voz entre as mulheres”, realizada em 2002. Foto: Acervo Casa do Beco

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O sucesso do primeiro espetáculo profissional deu ao coletivo um novo gás, e, graças aos recursos e aprendizados provindos das políticas públicas, eles se organizaram para dar novos passos. Como explica Josemeire, esse período consolidou uma base que permitiu ao Grupo do Beco crescer depois, principalmente pelas possibilidades de organização interna e sustentabilidade que se abriram. “Para fazer teatro de qualidade, como todo outro trabalho, é preciso tempo e dedicação. A partir do ‘Bendita’, conseguimos aprovar vários projetos culturais. Com esses recursos, tornou-se possível contratar pessoas e remunerar alguns membros da nossa equipe. Garantir um cachê, uma ajuda de custo para as pessoas se dedicarem a isso aqui”.

Os impactos em infraestrutura também foram imediatos. Logo no segundo semestre de 2003, enquanto ainda rodavam com o “Bendita”, surgiu a oportunidade de adquirir um imóvel próprio ali mesmo, dentro da comunidade. Eram os andares de cima de uma espécie de sobrado, onde antes funcionava uma academia de capoeira. Um espaço bastante amplo, com dois salões grandes e quatro salas menores, em frente ao parque que acompanha a Barragem Santa Lúcia. Daria para guardar figurinos e cenários, realizar ensaios e até receber o público para os espetáculos – além de finalmente aposentar o quarto do Nil como sede improvisada. Em agosto, com recursos de um edital realizado pela antiga Telemig Celular, o Grupo do Beco adquiriu sua casa.

Entretanto, os primeiros anos da Casa do Beco foram turbulentos. Como o objetivo inicial era ter uma sede própria, aquele prédio recém-adquirido, que antes era frequentado pelas pessoas que moravam perto, agora estava fechado para as atividades do grupo. Isso causou atrito com alguns jovens da região, que, insatisfeitos, começaram a depredar o local.

Na avaliação de Nil, olhando agora em retrospecto, é mais fácil entender que essa escolha inicial de uso da nova sede foi equivocada, pois individualizava um espaço que tinha tradição de uso comunitário. Nos anos seguintes, o desgaste só piorou: um dos muros foi quebrado e parte da Casa passou a ser usada pelos vizinhos como depósito de lixo. Virou um canto escuso, com atividade do tráfico e ação truculenta frequente da polícia.

A resolução só veio mesmo em 2006, quando o Grupo do Beco estreou o espetáculo “Morro dos Amores”. Boa parte da preparação para essa peça aconteceu a céu aberto, na própria vizinhança, algo que acabou contribuindo para aproximar a trupe dos moradores, especialmente das crianças, que adoravam participar dos ensaios. “Depois do ‘Morro dos Amores’, o pessoal entendeu o que queríamos fazer lá, e que também éramos parte daquela comunidade”, afirma Nil.

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Nos anos seguintes, as dificuldades financeiras – comuns a tantos coletivos que se dedicam à arte no Brasil – persistiram, mas a relação com as pessoas no entorno melhorou bastante. Além de ser sede do Grupo, a Casa do Beco passou também a receber peças e atividades culturais de outros projetos, além de dedicar maior atenção a oficinas e outras ações com participação direta do público. Em 2010, o espaço se tornou um Ponto de Cultura da cidade, designação conferida pela prefeitura a grupos e instituições que contribuem para o desenvolvimento da vida cultural de suas comunidades.

Na visão de Nil, essas são conquistas muito importantes, que corroboram a relevância e a qualidade do trabalho desenvolvido. Porém, a formação de público para atividades artísticas como o teatro nas favelas ainda é um desafio imenso.

“Muita gente aqui nos conhece, mas não tem o hábito de frequentar espaços como o nosso. Tem pessoas que acham que a Casa do Beco é o Palácio das Artes do morro, e que ali não é lugar para elas, que só pode entrar ‘quem tem cultura’”.

Esse é um dos motivos, junto à maior divulgação dos seus espetáculos, que leva os elencos da Casa do Beco a não se prenderem somente ao palco do próprio lar. Montagens como “A laje”, por exemplo, foram pensadas para espaços que fazem parte do dia a dia dos moradores da comunidade, além de manterem vivo o propósito norteador de sempre tratar daquela realidade.

Caminhando para completar 27 anos de estrada em 2023, a Casa do Beco abriga atualmente quatro elencos artísticos, incluindo o Grupo do Beco, seu núcleo originário. O primeiro a se somar, em 2009, foi o Cine Beco, que começou como um cineclube interessado em manter uma programação fílmica permanente no aglomerado, com curadoria coletiva e incentivo ao debate sobre a memória e a identidade local. Hoje, o Cine Beco também investe em produção audiovisual própria, e, em 2020, lançou o filme “Enquanto houver voz…”, que aborda o tema da violência contra a mulher.

Em 2011, a partir de oficinas de teatro realizadas no CRAS Vila Santa Rita de Cássia, surgiu o Entre Elas, grupo formado inteiramente por mulheres idosas que moram no Morro do Papagaio. O projeto começou com o intuito lúdico-terapêutico de contribuir para a socialização dessas mulheres por meio da arte e propor soluções para seus problemas cotidianos, geralmente ligados às relações com familiares e vizinhos. Nos encontros, uma das integrantes contava seu problema, e o grupo recriava a situação em cenas improvisadas. Depois, essas cenas eram analisadas coletivamente, a fim de ajudar a pessoa a encontrar soluções para aquilo que a incomodava.

A conexão do grupo e a força curativa dessas atividades foi tamanha que dois espetáculos foram criados a partir dessa proposta inicial: “Quando eu vim para um Belo Horizonte” e “Mãe, raiz do morro”. Ambos contêm cenas inspiradas nas histórias de vida das próprias integrantes, que seguem juntas, se encontrando semanalmente na Casa do Beco. Um dos planos futuros da Casa é, inclusive, a instalação de um elevador ou outra forma de acesso facilitado, pois a longa escadaria tem sido um complicador para boa parte das atrizes.

O último elenco a se integrar à família foi a Cia. Movimento do Beco. Em 2013, um grupo de jovens bailarines que participaram de uma oficina de dança de rua do programa Fica Vivo, realizado pelo Governo do Estado, decidiram se unir para continuar ensaiando juntes e poder criar suas próprias coreografias, inspiradas nas vivências da população negra e LGBTQIA+ do morro. “Estima”, seu primeiro espetáculo, estreou em 2014. Durante a pandemia, a companhia realizou trabalhos de vídeo-dança com o Cine Beco, e agora prepara seu segundo espetáculo.

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“Na linha do meu lembrar” é o espetáculo mais recente da Casa do Beco (a estreia foi em 3 de novembro), e tem um significado especial por ser o primeiro a contar com participação de todos os quatro elencos. Ao escolher abordar as memórias do morro por meio da costura de várias cenas, situações e personagens, a peça também simboliza algo que Josemeire, que hoje atua como gestora institucional e coordenadora de programação, considera essencial aos valores do grupo.

“Somos um coletivo que tem diversidade e que defende essa perspectiva de falar a partir do morro. Isso significa que a gente está dialogando com as referências culturais de onde viemos, mas também estamos falando coisas que podem tocar pessoas que não moram na periferia. Buscamos esse elemento de universalidade, e fazer arte a partir do morro nos dá a chance de explorar isso”.

“Isso tem uma potência transformadora que às vezes a gente não capta de imediato. Alguém poderia falar que fazer arte a partir do morro engessaria nosso fazer artístico, mas é justamente o contrário. Temos uma infinidade de possibilidades aqui. Porque, apesar de tentarem nos colocar, nós não estamos em uma bolha. A gente está interagindo com o mundo. E a gente tem direito ao mundo. Não é nem só à cidade, é ao mundo”.

Espetáculo “Estima”, realizado em 2015. Foto: Acervo Casa do Beco

“A arte é promotora de transformação”, complementa Nil. “Nós mesmos somos exemplos disso. Somos moradores da comunidade e corremos atrás da arte para não virarmos mais uma estatística. E não somos só nós. No meu dia a dia, eu vejo pessoas com muito potencial artístico aqui dentro. Dói ver jovens, crianças, adultos com esse potencial, mas sem a oportunidade de desenvolvê-lo. Por isso, a gente entende a possibilidade de trabalho com a cultura não como algo assistencialista, ainda que o assistencialismo tenha o seu lugar. Nossa vontade é expandir a experiência de produção de arte e cultura a partir da favela. Porque a favela está querendo dizer alguma coisa, algo que é diferente do que quem está do lado de fora costuma ouvir sobre aqui”.

Nesse sentido, uma das grandes conquistas da Casa do Beco – e de todos os projetos que a antecederam e dos que a constituem hoje – é a promoção contínua de atividades artísticas no Aglomerado Santa Lúcia. Como explica Nil, essa perspectiva de continuidade faz uma diferença imensa, pois possibilita que a vida cultural nas periferias deixe de ser marcada por eventos e intervenções pontuais para tornar-se algo permanente e autossuficiente. Isso faz com que a Casa do Beco seja, simultaneamente, um espaço e um coletivo que produz arte na favela, que leva arte até a favela, que leva a arte da favela a outros lugares e que contribui para que as pessoas da favela possam aprender e, no melhor dos casos, viver de arte.

“Quando a gente termina um projeto, gera-se uma demanda daquele público que participou. As pessoas vão querer mais oficinas, mais espetáculos etc. E nós, enquanto artistas, também queremos trabalhar mais, viver disso, aprimorar a nossa arte. A gente não quer subir no palco e ser aplaudido porque somos favelados. Não, nós queremos ser aplaudidos porque somos artistas – artistas que moram na favela”.

Igor Lage

 

Igor Lage é jornalista, pesquisador e professor. Doutor e mestre em Comunicação pela UFMG.

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